miércoles, 22 de agosto de 2012

Exegese do Antigo Testamento Salmo 113


4Elevado acima de todas as nações é Javé, acima dos céus a sua glória. 5Quem é como Javé, nosso Deus? 6Assenta-se no alto e abaixa-se para olhar os céus e a Terra.



Exegese do Antigo Testamento
Salmo 113 (Por Marilda F. Ghiraldi)



INTRODUÇÃO

         O presente trabalho tem como propósito apresentar uma pesquisa exegética do Salmo 113. Realizar a exegese de um texto bíblico é algo fascinante porque implica em entrarmos em contato com o sentido das palavras, com o mundo do autor, e acima de tudo, compreender a ação salvífica de Deus na história do povo de Israel. Por se tratar de um texto de cunho poético utilizaremos alguns recursos estilísticos que envolvem a estrutura literária do deste gênero, também como uma forma de nos ajudar para atingirmos uma correta compreensão da poesia hebraica.

Saber que Deus nos criou para sua própria glória, ainda na infância, foi algo um pouco distante para a minha compreensão. Porém na idade adulta isso mudou em mim e se tornou fascinante existir porque é para a glória do meu Criador. Também saber que Deus é o autor da minha salvação sempre foi por demais grande no meu entender.

Tenho percebido que muitos cristãos não possuem a clareza do Deus Salvador como também a sua criação para o louvor da Sua glória. Por isso nessa dissertação exegética do Salmo 113 gostaria que a revelação do Deus Salvador calasse fundo na vida dos seus leitores e que essa revertesse num hino de louvor a Javé Deus.

                            Texto Original - Salmo 113


Tradução


1Louvai a Javé!
 Louvai servos de Javé
 Louvai o nome de Javé.
2Sê o nome de Javé bendito
 desde agora e para sempre;
3Desde o nascente do sol até o poente
 seja louvado o nome de Javé.
4Elevado acima de todas as nações é Javé,
 acima dos céus a sua glória.
5Quem é como Javé, nosso Deus?
6Assenta-se no alto e abaixa-se para olhar os céus e a Terra.
7Levanta o pobre do entulho e retira o oprimido do monturo,
8sentando-o em companhia dos nobres, junto com os nobres do seu povo.
9Faz viver em família, a estéril, repleta de alegria, como mãe de filhos.
 Louvai a Javé! 

Delimitação
Louvai a Javé
O Salmo 113 começa com a expressão  (Louvai a Javé). Também termina com a mesma expressão(Louvai a Javé). Isso nos mostra com clareza que o Salmo 113 é um bloco completo em si mesmo, com uma estrutura clara, embora, com variações e subdivisões, como veremos na Estrutura do gênero “Hino”.
No final da conclusão (v 9c) o escritor retoma a expressão inicial da introdução,  Louvai a Javé, formando a moldura.
Há unidade temática, um hino com suas partes bem delimitadas, introdução, corpo e conclusão, um hino de louvor; há coesão, o tema das partes é o louvor a Javé  ligadas através dessa temática; e há coerência, começo, meio e fim delimitado pela inclusãoo que torna o Salmo uma perícope. Um poema de louvor delimitado por cesuras, que o separam do salmo 112 no inicio, e do 114 no final, formando um envelope.

Gênero Literário

 Neste tópico situamos o salmo 113 ao gênero literário a que pertence, especificamente. A estrutura que o salmo 113 apresenta é uma estrutura hínica tripartida, isto é: introdução, desenvolvimento e conclusão, emoldurado pela expressão, Louvai a Javé.
“Do ponto de vista temático, os hinos são de louvor a Javé. Javé é o único objeto de louvor”. [1]
O Salmo 113, com sua forma estrutural e composição uniforme deixa claro o seu estilo hínico, um salmo de Aleluia, em que os estudiosos do Saltério seguem uma estrutura tripartida: a forma básica de todo hino israelita.

1.Introdução - Convite ao louvor e ao canto. Um invitatório explícito, uma convocação, com verbo no imperativo, seguido de particípio (vv. 1-3). Louvar (piel) , este verbo caracteriza a unidade e o gênero literário do Salmo - louvai a Javé.
2.Corpo 
           “O corpo do hino propõe razões ou temas concretos do louvor: o ser e o agir de Deus na natureza e na história”.[2]
Descreve os motivos deste louvor, os prodígios realizados por Deus na natureza, especialmente sua obra criadora, e na história, particularmente a salvação concedida a seu povo (vv. 4-6).
3.Conclusão ou parte final do hino recorre às expressões da introdução inicial do salmo (vv. 7-9).
O Salmo 113, segundo os estudiosos, pertence portanto, a esse gênero literário, Hino, por possuir as características mencionadas, conforme o seguinte esquema:




Introdução (convite ao louvor no imperativo 1a-3b seguido de particípio).

1a Louvai a Javé!
 b Louvai servos de Javé
 c Louvai o nome de Javé.
2a Sê o nome de Javé bendito
 b desde agora e para sempre;
3a Desde o nascente do sol até o poente
 b seja louvado o nome de Javé.


(Corpo do hino
 atributos de Javé
4a-6b).
4a Elevado acima de todas as nações é Javé.
 b acima dos céus a sua glória.
5a Quem é como Javé, nosso Deus?
6a Assenta-se no alto e
 b abaixa-se para olhar os céus e a Terra.



(Conclusão 7a-9b)
7a Levanta o pobre do entulho
 b e retira o oprimido do monturo,
8a sentando-o em companhia dos nobres,
 b junto com os nobres do seu povo.
9a Faz viver em família, a estéril,
 b repleta de alegria, como mãe de filhos.
 C Louvai a Javé!




Estrutura Literária

Na estrutura literária, situamos o salmo 113 de acordo com a forma e estrutura que suas partes se apresentam. Já vimos que o salmo 113 é um hino com começo meio e fim. Vejamos como estas partes se subdividem em estrofes e se completam em sua temática. Louvor a Javé.
“O Salmo 113 se agrupa em torno de dois pensamentos, ambos referentes ao Ser Deus: o primeiro é a soberania incomparável de Javé, em sua glória, que Ele seja louvado por todos os homens (vv1-4). O segundo revela o Deus imanente, a sua admirável misericórdia para com os desprezados entre os homens (vv5-9). Quem é como Javé, nosso Deus? Que está no alto, mas condescende com o pobre, o oprimido”.[3]
“Esses dois pensamentos estão subdivididos em três estrofes:” [4] (vv1-3; vv4-6; vv7-9b).
Possui uma moldura inicial (v 1a) - Louvai a Javé .
Uma introdução (v 1bc) (Louvai servos de Javé/ Louvai o nome de Javé). O verbo está no imperativo, segunda pessoa do plural. Está dirigido aos servos de Javé e o objeto do louvor é o nome de Javé, que ocorre também no (v 3c).
A primeira estrofe (vv. 2a-4b). O verbo louvar se apresenta no particípio, o motivo do louvor hínico é Javé, o seu nome (vv. 2 – 3c). No (v 4) há a constatação (Qal perfeito JAVÉ) a soberania de Javé com o verbo ser.
O (v 5) inicia-se com a forma da pergunta retórica ‘Quem é como Javé, nosso Deus’? Faz parte do estilo hínico e está no mesmo rumo de pensamento do autor ...
“nada existe neste mundo que se possa pôr ao mesmo nível com Deus”. (WEISER, 1997 p. 548)
Esta pergunta retórica estabelece uma ruptura com o pensamento da 1º estrofe, que versa sobre a glória de Javé, sua soberania, a sua eternidade e a infinitude do seu nome e o pensamento da 3º estrofe que vai falar da misericórdia de Javé para com os homens. Porém, o (v 6) fala da condescendência de Javé, o seu domínio sobre o universo, céus e terra. Portanto esta 2º estrofe (vv. 5 – 6) mostra que não há limites para a grandeza de Javé no tempo e no espaço. O  motivo do louvor é o domínio universal de Javé sobre todas as nações e sobre os céus e a Terra.
A 3º estrofe (vv. 7a – 9b) discorre sobre a misericórdia de Javé, seus feitos na terra, entre os homens, apresenta, portanto, os motivos e símbolos concretos da condescendência de Javé.
Finalmente, estas estrofes se acham dentro da moldura final (v 9c) Louvai a Javé!
Senão vejamos:

Moldura inicial



Introdução





1º Estrofe (vv. 2a – 4b)
1a Louvai a Javé!


 b Louvai servos de Javé
 c Louvai o nome de Javé.


2a Sê o nome de Javé bendito
 b desde agora e para sempre;
3a Desde o nascente do sol até o poente
 b seja louvado o nome de Javé.
4a Elevado acima de todas as nações é Javé.
  b acima dos céus a sua glória.



2º Estrofe (vv. 5a – 6b) Ruptura com pergunta retórica


5a Quem é como Javé, nosso Deus?
6a Assenta-se no alto e
 b abaixa-se para olhar os céus e a Terra.





3º Estrofe (vv. 7a – 9b)




Moldura final (v 9c)

7a Levanta o pobre do entulho
 b e retira o oprimido do monturo
8a sentando-o em companhia dos nobres,
 b junto com os nobres do seu povo.
9a Faz viver em família, a estéril,
 b repleta de alegria, como mãe de filhos.

 C Louvai a Javé!


Retórica e Estilística

“Retórica é todo o conjunto de regras relativas à eloqüência da oratória”.
“Estilística, a disciplina que estuda as expressões de uma língua”.
Neste tópico estudaremos os recursos retóricos e estilísticos que embelezam e dão as características claras da poesia hebraica, em especial, o hino em tela. Observaremos alguns dos principais recursos de estilo, senão vejamos:

I- Paralelismo

a) climático trimembe:
v 1a Louvai a Javé!
     b Louvai servos de Javé
     a Louvai o nome de Javé.[5]
b) sinonímico com um quiasmo ab-ab
    sintético nas linhas 2ab e 3ab;
introverso nas linhas 2a 3b e 2b 3a
v 2a Sê o nome de Javé bendito
    b  desde agora, e para sempre;
v 3a desde o nascente do sol até o poente
    b  seja louvado o nome de Javé.
Observamos uma composição significativa de estilo, nestas coordenadas de tempo e de espaço: desde agora/para sempre // desde o nascente/até o poente. Há como que um balanço de sons. Um movimento de cima para baixo. Um paralelismo que repete a idéia reforçando, sem dúvida, o tempo e o espaço do louvor. As cesuras distinguem os versos marcando o ritmo e embelezando o poema.
c) sintético e sinonímico, uma correspondência mútua nos versos, por hemistíquios.
Sinonímico – v 4a Elevado acima de todo povo é Javé,// b acima dos céus a sua glória.
Sintético – v 5a Quem é como Javé, nosso Deus? // b Assenta-se no alto e abaixa-se para olhar os céus e a Terra.
d) Progressivo gradativo
v 7a Levanta o pobre do entulho e retira o oprimido do monturo,
v 8a sentando-o em companhia dos nobres, junto com os nobres do seu povo.
V 9a Faz viver em família, a estéril, repleta de alegria, como mãe de filhos.

II- Artifícios Sonoros

a) Assonâncias – Por todo o Salmo encontramos a repetição dos fonemas sibilantes causando expressão de vitória. / s/ /ss/ /ç/. A gutural /r/ nos versos 6-7, pode indicar a aspereza em que realmente está o oprimido, intensificando a sua situação, o seu gemido. Também repetem-se por todo o Salmo os sons nasalizados /m/ /n/ /nh/.
b) Aliterações – Destacamos o morfema /l/.

III- Figuras de Linguagem

a) Repetições – Um outro detalhe de estilo são as repetições de vocábulos. O nome (Javé) repetido 8x; louvai 4x no imperativo; 1x no particípio; a preposição desde 2x; nome 3x;
b)  Perífrase
(v1) servos de Javé  ( Assembléia, comunidade de culto)
c) Quiasmo (vv. 2-3)
v 2a Sê o nome de Javé bendito
    b  desde agora, e para sempre;
v 3b desde o nascente do sol até o poente
    a seja louvado o nome de Javé.
d) Silepse (v 9) de pessoa - a estéril
e) merismo (v 3) nascente / poente, significando em todo o tempo;  (v 6) céus e terra, significando todo o universo, todas as nações.
f) Interrogação (v 5) Quem? Introduz uma pergunta retórica.
g) Gradação (7) levanta / retira/; (8) senta
h) Inclusão Louvai a Javé (vv. 1a - 9c).
A análise retórica e estilística ajudou-nos no estabelecimento dos eixos semânticos, aos quais, buscaremos o seu significado, na próxima etapa, ou seja, na análise semântica. Ajudou-nos compreender um pouco do estilo semítico e sem dúvida nos deu a direção para uma posterior hermenêutica.
Semântica  
Nesta etapa procuramos pelo significado exato de termos que nos  auxiliem numa melhor compreensão do sentido global do salmo 113.

      a.              Um primeiro eixo semântico que traçamos apontou para a repetição do nome de Deus.(Javé) vv. 1abc; 2a; 3b; 4a; 5a; 9c e -nosso Deus v 5a) também o vocábulo (-nome vv. 1c; 2a; 3b "o nome de Javé").
O nome de Yahweh é o grande nome da teologia dos nomes do AT. Em alguns textos bíblicos o ‘nome de Javé’ está tão intimamente ligado ao ser de  Deus que funciona quase como uma aparição de Javé (Ex 23.20-21; Is 30.27). Encontramos a tabernaculação do nome em muitos lugares, quase como uma cristofania (Ex 20.24; Dt 12.5).
“O nome de Deus também significa a total auto-revelação de Deus em sua santidade e verdade (Sl 22.22)”.[6]
Em (Ex 3.l4ss) encontramos Deus mesmo dando explicação do nome de Yahweh como ‘sou quem sou’, mostra que a dimensão pessoal é um constitutivo da própria essência de Deus.”[7]
 Para o hebreu a concepção de Javé estava no seu grau mais sublime, um ente caracterizado por uma personalidade absoluta que manifesta-se no seu nome com espírito e liberdade. Javé significa o Deus transcendente, que na sua essência ultrapassa tudo o que é mundano.


“Javé habita no céu , mas Ele escolhe na terra um lugar onde faz habitar o Seu ‘nome’ (Dt 12.11;14.23). Porque Javé habita no templo, a  Sua própria presença é garantida, ainda que o templo viesse a ser profanado, a transcendência de Javé continuaria a ser preservada, cf. (1Rs 8.13, onde Javé habita em densas trevas, com 1Rs 8.14ss, onde o nome de Javé habita no templo). O nome de Javé, como o próprio Javé permanece  soberano”.[8]          
Javé em sua transcendência, não se liga a limites, é onipresente, não há espaço que o contenha, por isso, louvado em todo tempo e espaço (vv. 2-4). Javé é o Senhor da natureza e do todo os seus espaços; não é parte dela, é Javé, é Senhor. Louvar o nome é louvar a pessoa de Deus. O nome pronunciado endereça o louvor.
Javé é Criador e Senhor da totalidade do universo dos homens, Senhor da vida e da morte e Senhor da comunidade que Lhe pertence  (Sl 123:22).
“Um dos  aspectos mais fundamentais e essenciais da revelação bíblica é o fato de Deus não ficar sem nome: tem um nome pessoal, mediante o qual pode e deve ser invocado (...). O nome de Javé é uma expressão poderosa da Sua Soberania pessoal e da Sua atividade que pode ser empregada como modo alternativo de falar do próprio Javé (Lv 18.21; Sl 7.17). É o lado de Javé que se volta em direção ao homem, no qual Javé se revela. Seus procedimentos para com os homens no passado, no presente e no futuro se vinculam inextrincavelmente com o Seu nome”.[9]
Comparando os Salmos 97.9 e 99.2 observamos que o primeiro fala da exaltação de Javé sobre todos os deuses e o segundo fala sobre todos os povos. O salmo em tela, 113, se harmoniza com o segundo, e não dá lugar a outras divindades. Javé é único, Javé é seu nome, como diz Zacarias (14.9); o nome de Javé era mencionado nos juramentos e o seu uso indevido era proibido (Ex 20.7), pois que é uma dádiva da sua revelação, entregue em confiança aos filhos de Israel, e não conhecido pelos pagãos. A tarefa de Israel é santificar o nome, no culto, no sacrifício, na oração, na bênção e maldição, e guerra santa. Portanto o nome de Javé quase fica sendo uma hipóstase do próprio Javé (Sl 118.10; 54.1).
  “Ao comunicar seu nome, Deus se arrisca: o dá para o uso, o expõe ao abuso por isso acrescenta um mandamento que o proteja: o homem não deve usá-lo em vão ou profaná-lo. Conhecer o nome próprio de uma pessoa é uma abertura para o relacionamento. Com respeito a Deus, o homem pode louvá-lo freqüentemente, pronunciar este nome com seus lábios. “ [10]
Nos Salmos, o nome de Javé designa o mistério e maravilha de sua revelação, o ponto de referência de toda súplica, louvor e reflexão. ‘Conhecido é Javé em Judá, em Israel é grande seu nome’ (Sl 72.2). [11] Israel possui a revelação do seu nome, conhece, (Sl 9.11) teme, (86.11) ama, (5.12). Invoca o nome de Javé (Sl 75). Este nome é cantado, louvado é santo e temível (Sl 111:9), glorioso. O nome significa vida, identidade presença. É eterno permanece para sempre, é lembrado e anunciado por todas as gerações.
O nome de Javé é uma força protetora sempre presente (Sl 120.2). Diante do nome de Javé os inimigos retrocedem (Sl 118.10-12). O Deus de Israel ajuda com seu nome (Sl 54.3). Javé é o criador, a soberania do seu nome irradia a todo mundo (Sl 8-2). Quando Deus se apresenta ao seu povo, comunica seu nome. Toda invocação e louvor ao nome tem por destinatário o Deus presente, Ele mesmo. Assim como Javé é Santo, também o seu nome (Sl 111.9). Esse nome é fonte de Salvação que é o seu conteúdo fundamental e cidadela protetora. O nome é Deus mesmo.
“Os orantes e cantores dos salmos são plenamente conscientes, e estão convencidos, de que  este nome não é algo vazio, sim que tudo se encerra nEle: justiça e salvação, redenção e vida, conhecimento e sabedoria”.[12]
O nome distingue o Deus de Israel de todos os deuses e poderes restantes. Por conseguinte, o nome de JAVÉ é o compêndio de todo poder e poderes. É Javé  na plenitude de seu poder divino, em sua unidade e exclusividade. O nome próprio do Deus de Israel é Javé. Porém com muita freqüência o chamam também de Elohim, El nome próprio do Deus supremo, Elyon, título usado como nome próprio. O salmo 113 quer exaltar o nome pessoal, único, supremo de Javé. O hino é dedicado ao nome de Javé, e também apresenta um aspecto de sua ação entre os homens.
Fazendo parte também deste 1º eixo semântico encontramos os vocábulos - louvai, bendito, glória, elevado,  céus. Esses vocábulos, louvai, bendito, glória, elevado e céus, embora com significados distintos, se entrelaçam, para deixar patente, claro, a soberania de Javé, sua glória, sua santidade, atributos  de Deus, separado e elevado acima de tudo o que é comum, criado e fraco, tanto física como moralmente.
Louvai a Javé
O louvor tem seu lugar original no culto. No culto se realiza o que o convite ao louvor solicita.
 “A maioria dos salmos apresenta a seguinte forma imperativa do convite ao louvor. ‘Louvai, servos do senhor, louvai o nome do Senhor’ (Sl 113.1) .” [13]
O emprego do verbo é muito freqüente e pode-se notar quando se analisa a série de verbos paralelos que apresentam este convite no imperativo ao  louvor.
“Qual é o significado deste convite ao louvor? A invitação é necessária porque o louvor rendido nunca será suficiente; se proclamará sempre de novo, incansavelmente, continuamente, porque esse louvor a que se convida é reconhecido como algo virtualmente necessário, como fundamento da existência e base da comunidade e porque na comunidade existe um forte impulso para executar esse louvor. Este forte impulso, é a convicção de que o louvor deve se realizar, e o primeiro elemento que determina a invitação ao louvor. Esta deve realizar-se para que Deus seja reconhecido, afirmando e confirmando na totalidade de seu ser divino”. [14]
 Os outros verbos paralelos, designando alegria e júbilo, mostram que é com expressão de alegria que se dirige a Deus. No At alegria e louvor aparecem unidas.
A invitação ao louvor se dá quase sempre no plural, freqüentemente com instrumentos musicais que acompanham o louvor a Deus o qual tem o seu lugar próprio na assembleia da comunidade. Portanto (hll piel) o louvor  está claro como elemento de culto veterotestamentário. Um outro elemento deste convite é que ele não se dirige somente aos homens.  O louvor é um ato dirigido a Javé e pode participar todas as criaturas; o homem participa dele como uma criatura entre criaturas, não com sua racionalidade, sim o homem em sua totalidade, o homem no que tem de comum com as demais criaturas. Não é a inteligência que louva a Deus, sim o homem que respira, se alegra e canta. Trata-se de uma relação existencial com Deus, que não poderia acontecer partindo unicamente da razão (Sl 150.6).
“A necessidade de repetir continuamente o convite ao louvor (Sl 113.1-3) pressupõe a continuidade do culto realizado com regular periodicidade. É de vital importância que o louvor a Deus se reflita na estrutura do cântico de louvor: Deus é apresentado na totalidade de seu ser e de seu agir. A comunidade reunida no culto se situa conscientemente frente a Deus que é Senhor de Israel, criador e rei da história, por isso se convida os povos, os reis, e a todas as criaturas, a que participem neste louvor (Sl 148; 150). Louvar responde a um impulso pessoal, e acompanha o caráter de espontaneidade”. [15]

“O árabe baraka significa a capacidade de felicidade que existe em certos homens e que os faz ter sucesso em tudo o que empreendem, podendo partilhar com os outros. Mas significa também a fecundidade, a plenitude, a riqueza em camelos e ainda a umidade tão desejada no deserto. Também no Antigo Testamento notamos a relação entre bênção e a fecundidade dos homens, animais e campos”.[16] 
Quando o objeto é Deus e seu Nome, freqüente nos salmos  (113.1c; 2a; 3b), aparece o particípio passivo ‘baruk’  (louvado) e significa bendito, designando a ação de bendizer ou louvar a Deus.
A bênção, geralmente é proferida do maior para o menor e pode envolver pai e filho (Gn 49); irmãos e irmã (Gn 24.60); rei e seus subordinados (1 Rs 8.14); sacerdotes e participantes no culto.  A bênção podia ser comunicada em momentos especiais: despedidas, apresentação de alguém, com a função de conferir vida abundante e produtiva, sempre uma boa palavra.
“Bênção, (brk no piel) simplesmente significa ‘dirigir boas palavras a alguém, ‘proferir sobre ele boas palavras’, significando então ‘desejar a felicidade’, abençoar’.  A força da bênção que uma vez saiu de alguém não pode mais ser trazida de volta (Gn 27.33)”.[17]
O Antigo Testamento vê Deus como a única fonte de toda bênção. Somente Deus tem o controle de toda a bênção e também da maldição, que é o contrário de bênção (Nm 22 e s.). A sua presença já é bênção, e é em seu nome que outros podem abençoar a alguém (Dt 10.8).
“Na verdade, o nome de Deus, a manifestação de sua natureza pessoal, redentora e que mantém sua aliança, é o centro de toda bênção”.[18]
Bênção, em sentido estrito, é proferida no Antigo Testamento por pessoas revestidas de autoridade especial: os patriarcas a proferem sobre seus descendentes, e bênção estão relacionada especificamente com poderes de reprodução, Deus dá a vida. Os pais sobre os filhos; os grandes mediadores da aliança: Moisés, Aarão, Josué, sobre o povo. Também no culto, a bênção é tarefa de determinadas pessoas. Assim o rei abençoa o povo por ocasião da consagração do templo, ou término de uma reforma cultual. Os sacerdotes abençoam individualmente os homens piedosos que vêm ao santuário desempenhar alguma função. Não somente os sacerdotes podiam abençoar, mas conforme Dt 10.8, também os levitas.
No culto também  Javé pode ser abençoado pelo homem.
 “Portanto, abençoar a Javé, bendizer a Javé, é em Israel e no salmo 113,1-4, um reconhecimento de seu poder, uma glorificação do seu poder, sua sublimidade, seu domínio, sua santidade; prestar-lhe a devida honra, agradecer e confiar nele.”[19]


Glória   ‘honra’. Quando se aplica a Deus, significa a manifestação luminosa da Sua pessoa, Sua gloriosa revelação de Si mesmo, é a própria realidade da Sua presença. Caracteristicamente, Kabôd  se vincula com verbos de ‘ver’ (Ex 167;33.18) e  ‘aparecer’ (Ex 16.10; Dt 5.24). Podemos reconhecer Kabôd na criação (Sl 19.1; Is 6.3), mas se expressa acima de tudo na história da Salvação, sua inigualável atividade como libertador e salvador.  Em (1Sm 4.21-22), a perda da arca de Deus para os filisteus significa que “Foi-se a glória de Israel.”  A arca simbolizava a presença divina que não se podia carregar (1Sm 5.6; Ex 33.17-23). Esperava-se para os últimos dias uma plena manifestação do Kabod. Seu propósito era trazer a salvação de Israel (Is 60 1-2; Ez 39.21-22), mas também converter as nações (Sl 96.3-9; Zc 2.5-11). Esta glória normalmente se acha somente em Deus, embora, em (Ez 8.2;1.7-13 e Dn 10.5-6), seres angelicais mostrem algumas características dela.
A glória de Deus é inerente a Ele. Por isso requer o respeito do homem, que no Salmo 113 está no louvor a Javé. A glória de Deus, para os Israelitas, está sobretudo em seu poder e santidade, como também verifica-se na maior parte dos textos do AT. Quando Javé revela seu poder e santidade a sua glória é manifestada como um fenômeno luminar, que enche o lugar com a sua presença, conforme o foi no Sinai, deserto, santo tabernáculo e no Templo.
Os seres celestiais louvam a Javé por causa dos seus atos, pois tudo quanto acontece na terra revela a glória de Deus (Sl 29.9). Teologicamente o Salmo 113, neste 1º eixo semântico, mostra  com clareza como os vocábulos se completam em seu significado. Javé é um Ser transcendente, glorioso, bendito; a sua glória enche todo o universo. As suas ações não se realizam fora da experiência humana, que deve responder prestando-Lhe a glória correspondente, (2º eixo Semântico).

Todavia é no Cristo o Filho de Deus, que se vê a realidade, o esplendor da presença e caráter de Javé (Is 4.2). Uma glória de característica quase  cegante, “E vimos a sua glória como do unigênito do Pai”.
 Este hino de louvor quer ser universal, espalhando no espaço e no tempo o louvor a Javé.  Pode-se apontar ainda neste eixo de significados afins os vocábulos (elevados e céus). Teologicamente, céu significa a morada de Deus, o firmamento, chamado de trono de Deus( Is 66.1; Dt 26.15; 1 Rs 8.30) e é a partir desse lugar que Ele estende a mão para realizar sua vontade na terra. Podendo também, por metonímia, ser usada para Deus. Nos salmos se repete constantemente: Javé reina no céu. Javé tem feito céu e terra (Sl 115.15; 121.2).
Os céus são obra de seus dedos (Sl 8.4; 10.2.26) O mundo celeste foi chamado à existência pela palavra criadora do Deus de Israel, por isso os céus narram a sua glória e majestade deste Criador.[20] 
 Os céus,  e todo o mundo visível e invisível não podem conter  Javé, porque foram criados por Ele. O céu narra a glória de Deus, declara a sua justiça e o louva. Portanto chama a atenção para Deus o Criador.
Concluindo este primeiro eixo semântico: não há limite nacional, nem espacial nem dimensão alguma que possa expressar a majestosa  transcendência de Javé. E então no (v5) o autor se serve de forma interrogativa, para expressar com mais ênfase -‘Quem é como Javé?’ Sentado, reinando eternamente, sim porque sentar tem o significado de habitar com autoridade, é marca de honra. Dentre os deuses não há Deus como Javé. No 2 º eixo semântico aparecem palavras de significados afins, mostrando que Javé, conquanto ser o criador de todo o universo e dominá-lo, ser cheio de glória, bendito, louvado, ter a sua morada nos céus, porque nada pode conter a sua glória, nem espaço nem tempo, desce! Abaixa-se, se humilha, se esvazia., descendo vê, encontra-se, e ocupa-se desse homem.
b. O segundo eixo semântico apontou para os vocábulos terra, pobre, servos, mulher (estéril/mãe), povo, nobre (príncipe)
-Terra. Esta palavra possui o significado de o mundo habitado. Israel chega a uma terra habitada (Ex 16.35). O AT  chama o universo de céus e terra, e, na narrativa da criação, o propósito é dar testemunho de Deus, Javé, como Senhor sobre tudo, inclusive do caos. Seu objetivo é claramente a criação do homem para que habite a terra. A vocação do homem é reconhecer que tem de prestar contas a Deus por sua tarefa no mundo, e exercer a liderança sobre as coisas criadas. Há uma ordem imanente do universo, a soberania de Deus sobre não só o homem, sim, que sobre as nações do mundo, e sua respectiva história.
A natureza, as entidades cósmicas e os elementos são observados sempre no seu relacionamento com seu Criador e Senhor, são instrumentos de Deus.
Javé, portanto, em sua glória, de sua altura olha a terra, que está muito ligada à história da salvação. Para o semita a natureza estava muito ligada ao destino do homem. A sua relação com Deus devia refletir-se necessariamente na relação existente entre ele e a terra que pela benevolência divina lhe nutria a vida.  A bênção de Javé vai restituir à terra a fertilidade, a vida, (v 6) pois que nesse universo, estão os pobres que sofrem e são oprimidos; a mulher estéril, que é rejeitada e onde os nobres governam. É nessa terra que encontramos os personagens do segundo eixo semântico do salmo 113 e a ação de Javé na terra.
Na terra está o pobre. No livro dos Salmos o orante se auto qualifica como ‘pobre e miserável’ (Sl 40.18; 70.6; 86.1). Nos Salmos de súplica, em situação de angústia e apuro o orante se apresenta a Javé do profundo de sua situação, pobre e mísera.
                      Javé cuida das viúvas, dos órfãos, dos estrangeiros e de quem carece de médicos. No salmo 82, aparecem reunidos os termos ‘oprimidos’, ‘órfãos’, ‘indigentes’, e ‘necessitados’. Pobre então, é aquele que carece de  proteção legal, que carece de influência e de prestígio social, e que está entregue aos caprichos dos adversários poderosos. Os pobres carecem de terra, são os prejudicados e desamparados na luta pela existência. Nada lhes dá apoio, ‘carecem de ajuda’. Porém, encontram apreço e apoio em Javé; esperam que suas vidas tenham rumo. Javé se apresenta como rei, advogado e salvador dos pobres.
O significado primeiro, original de ‘pobre’ está  nesta reivindicação da oferta divina de ajuda jurídica e no seu cumprimento. Pobres são aquelas pessoas cuja situação de necessidade os obriga a esperar tudo unicamente de Javé. Esses são objetos de perseguição, são oprimidos e maltratados, são objetos de injustiça. Seus olhos estão dirigidos a Deus e esperam que os auxiliem e mude a sua sorte. Portanto é o conceito oposto aos dominantes poderes inimigos. Javé é a esperança para esses miseráveis, cuja necessidade parece não ter fim, ‘o pobre não será olvidado para sempre’ (Sl 9.19), porque Javé se acerca daqueles que o invocam sinceramente (Sl 145.18).[21]
Por isso, a atuação de Javé (Sl113.7). Deus desce até os homens que têm mais necessidade de seu socorro, aqueles que estão no estrato mais baixo, os pobres, os indigentes, e a mulher estéril. É diante de Deus, de Javé que a verdade sobre a condição humana fica clara, desnuda, patente.
O oprimido (v7) é um pobre e miserável, subjugado pelas classes dominantes, vive da caridade pública como os indigentes, como os pobres.
A mulher não tinha os direitos de uma pessoa livre; era sempre sujeita ao homem, ao pai ou ao marido e na falta destes ao irmão mais velho. Considerada muito mais como coisa do que como pessoa, ocupa lugar inteiramente subordinado na sociedade. Ela só goza de certa consideração como mãe dos filhos, que deu à família. (Sl 113.9)  “Seu valor, bem como sua honra, consiste em dar à luz filhos (Dt 25.5-10) e a esterilidade é uma maldição (Gn29.21-30.24).
 Os rabinos comumente enquadravam as mulheres juntamente com os escravos e as crianças e agradeciam a Deus, porque não haviam sido feitos nem gentio, nem escravo, nem mulher. Portanto deixar de possuir um herdeiro era ainda marca maior de opróbrio ex. (Ana, Sara).
A estéril do salmo 113, sem dúvida é essa mulher, pobre, desprezada, sem filhos, rejeitada, que espera somente em Javé, pois não é reconhecida socialmente.
Nesse segundo eixo, portanto encontramos essa classe de desvalidos de pobres que carecem deste olhar de Javé, desta ação de Javé que mude a sua sorte (113.5-6). E num movimento majestoso Javé chega a esses ‘pobres’ e transforma toda situação de miséria em situação de honra.
O terceiro eixo semântico, aponta para os ‘servos’ e os ‘nobres’; o verbo sentar é o responsável por esta situação nova para os pobres; sim. Porque são eles que agora ocupam a posição de honra e louvam a Javé. Javé os levantou, arrancou da situação de pobreza e os ‘sentou’, os elevou a uma categoria nobre de honra. Deus assenta-se e por isso ele pode assentar os pobres junto a Si num lugar de honra. Sentar-se tem o significado de habitar, permanecer, traduz respeito, autoridade.
Os nobres da terra são aqueles convidados pelo salmista a que louvem a Javé, esses são os servos, fazem parte desta assembléia de louvadores e  Deus faz que participem dela, os pobres. Servos são os escolhidos, separados para o louvor, a adoração; e não mais apenas os sacerdotes, os levitas.

Análise Contextual

O objetivo da análise contextual será estabelecer as ligações do Salmo 113 com textos no livro dos Salmos e, cognatos a ele, ou seja, contexto literário. Num segundo momento tentaremos encontrar o contexto sócio histórico em que o Salmo 113 surgiu e foi utilizado.

Contexto literário

O Salmo 113 delimita-se ao 112, e ao Salmo 114 cujo tema é a travessia do Mar dos Juncos e a do Jordão, (Sl 66.6; Ex 14 e Js 3). O parâmetro da análise é o próprio tema do salmo em tela, o louvor a Javé pela sua grandeza e pelos seus atos salvíficos.
O Salmo 113 era em especial recitado por ocasião da Páscoa e também em grandes festas, pelos judeus (Mt 26.30); porém foi no culto que Israel glorificou as intervenções de Javé na história. Chamado de salmo aleluiático, inicia o ‘Grande Hallel’, (113-118). O hino de louvor não está presente somente nos Salmos, mas perpassa a Bíblia, podendo sair do íntimo individual e também do povo congregado (Sl 113.1b; Sl 34.3).
 “A alegria sincera é comunicativa, requer que outros participem”.[22]
Portanto é na comunidade que os atos de Javé devem ser conhecidos e celebrados. O convite ao louvor não somente é feito ao povo de Israel, sacerdotes, levitas, mas, a todos os homens, aos servos, (Ne 1.10-11; Sl 113.1b) de todas as nações, (Sl 117; 69.34,36). Portanto seu ambiente vital é o culto público do antigo Israel.
Israel louvava Javé continuamente. Javé é o Deus de Israel o seu único libertador, cheio de glória e por isso é louvado pelos seus servos em resposta natural às manifestações das intervenções misericordiosas de Deus (1 Sm 25.32; Sl 66.20). Ao reconhecer os atos históricos de Javé, Israel estava louvando-O.  A majestade divina, sua glória, seu nome revelado, seu domínio no espaço e tempo, os atos de salvação, são motivos pelos quais Israel louva a Javé sempre.
A história da salvação, se faz compreender em que Deus escolheu graciosa e soberanamente Israel para a sua realização plena em Cristo. No mesmo contexto literário em que o Salmo 113 se encontra, apresentando um Deus que se compadece do homem e desce para salvá-lo, elevando-o, vamos encontrar nos primórdios da História de Israel, esse mesmo Deus agindo e falando ao homem e no homem.
O Deus-redentor, numa epifania, surge em socorro do seu povo; é o seu agir dentro de situação aflitiva (Jz 5.4-5; Sl 80.2-3; Hab. 3.3-13). As Escrituras conhecem o Deus-redentor (Sl 113.4-9);  Javé vê a miséria do povo que está no Egito, ouve o seu clamor por causa dos seus opressores e conhece as suas angústias (Ex 3.7). A salvação que vem de Javé para o necessitado, o oprimido, aquele que está no monturo no pó, já teve seu início na saída do Egito, sustentou a esperança no exílio e agora no pós-exílio é cantada, é louvada e chega ao “magnificat”.
O Deus-redentor reage ao sofrimento, opressão, pobreza e escravidão de suas criaturas, e foi nessas condições que teve início a História de Israel, cuja libertação, fora anunciada por José (Gn 50.24). O próprio culto divino tem suas raízes na libertação egípcia e por todo AT o encontro com o Deus-redentor é uma constante. Nos livros históricos atos salvíficos são relatados, após a libertação do Egito, na conquista da terra Canaã, nos Juízes e durante a monarquia (Jz 6,7; Sl 80; Is 63,64). O povo vivia situações concretas da salvação que vinha de cima.
Israel aprendeu que Deus não era somente o Salvador dos apuros causados por inimigos, mas também dos apertos elementares da existência humana. Israel sabia distinguir entre o ‘pão da bênção’ que cresceu durante o ano graças à colaboração humana, e o ‘pão da salvação’ recebido em épocas de carestia, este como dom especial de Deus-redentor (2 Rs 6,7).[23]
O Dêutero-Isaías descreve a libertação do exílio babilônico sob a ótica do novo Êxodo. O tema dos salmos individuais surgiram das situações de salvação da morte, seguidos pelo louvor ao Deus-Salvador que olhou para as profundidades (Sl 113.6). No mesmo contexto, encontramos os patriarcas que louvam a Deus que interveio diretamente em situações aflitivas: a salvação do filho que morria de sede (Gn21); os riscos da mãe no estrangeiro (Gn 12.10-20); a salvação de Jacó da vingança do irmão (Gn 37e 44). No dilúvio, Deus salva uma família das águas e nas passagens apocalípticas o tema da salvação é relatado. O homem foi criado para a vida e no NT a salvação pelo Cristo é o tema central. É no encontro com o Deus-redentor que a história de Israel é inaugurada. Portanto é no Pentateuco que temos o resultado de confissão de louvor.
Pode-se, então, perceber que há realmente um contexto literário que perpassa as Escrituras, atestando e confirmando teologicamente a história da salvação de um povo, desde o Êxodo, passando pelos Juizes, Profetas, pelos Salmos, Cânticos e chegando ao Novo Testamento.

Contexto sócio-histórico

Israel encontrou o belo em maior intensidade na revelação de Javé, nos seus atos salvíficos, na sua forma de governar o Universo. Os hinos testemunham os atos de salvação de Javé e o Salmo 113 é um exemplo. É na comunidade de culto que Javé recebe o louvor dos seus servos pela salvação, pois que o israelita serve a Javé em lugar sagrado e em hora regulamentada. O culto é uma expressão institucional do relacionamento entre Deus e o homem num agir e num falar. Numa manifestação teofânica Javé revela-se, num ato de culto, para libertar, para salvar. No culto quando Israel é convidado louvar Javé, Este baixa ao homem e revela a Sua vontade em que o homem viva liberto, triunfante junto com os nobres.

                     O culto divino foi introduzido na teofania sinaítica, quando pela 1º vez, Javé se manifestou em Palavra e aparição, tendo Moisés como medianeiro (Ex 19; 24.15-18).  A característica do Culto Israelita, é a manifestação do Deus-redentor e o objetivo da narrativa sinaítica é a instalação do culto permanente. Porém Javé não ficou vinculado ao Sinai, apesar da teofania, pois, que Javé é o Deus da História, e não um deus local.
Não podemos reconstituir exatamente os acontecimentos históricos, porém foi Davi que regulamentou o culto (2 Sm 6; 15.24-29; 23.1-7; 1Cr 23; 25.1-7) e também deve ter organizado o exercício e a administração (2 Sm 8.15-18; 20.23-26).
O hino, como é o Sl 113 tem sua situação vivencial, o culto a Javé, quando é exaltada a sua grandeza e glória e sua ação salvadora na História de Israel. Os poetas hebreus
“refletiam os ideais da piedade religiosa e da comunhão com Deus, do deleite na adoração a Deus, da confiança quando o mal triunfa e a impiedade prospera por algum tempo, experiências religiosas e espirituais da alma humana, da humanidade”.[24]
Os Salmos podem ser encontrados em muitos diferentes períodos da história dos hebreus (EX 15; Jz 5; 1Sm 2.1-10). Porém o que fica claro é que os Salmos foram escritos para serem usados no ritual do Templo, e que  a maioria era para ser empregada pela congregação, ainda que alguns visassem um uso particular. Portanto
 “o Saltério deposita grande ênfase sobre o lugar da adoração pública na vida religiosa do hebreu individual”. [25]
“A revelação de Javé se fez num determinado momento da história, que marcou para sempre a memória dos adoradores de Javé, mas que não podemos precisar; porém, antes do período mosaico é muito provável que os antepassados de Israel não eram adoradores de Javé. Em oposição ao culto cananeu, o culto pelos ancestrais israelenses é um verdadeiro ato de eleição e se perpetua de geração em geração. É no Sinai que se dá a revelação particular de Javé a qual sempre permaneceu viva em Israel, pois Javé se revelou às tribos como o seu Deus e então, Israel passou a celebrar o acontecimento anualmente numa festa cultual”[26]
“Como a tradição do hino a Iahveh é muito antiga e já desde bem cedo apresenta os elementos fundamentais características do culto da Aliança, o lugar do seu cultivo deve ser procurado já na mais antiga forma do culto festivo de Israel, isto é, na festa da Aliança da confederação sagrada das tribos de Israel”.[27]
O hino de louvor tem as suas raízes na história de Israel. O cântico de Míriam uma celebração do poder salvífico de Deus às margens do mar Vermelho. O cântico de Débora tem uma forma de hino e é em louvor a uma intervenção divina. O encontro de Javé com o seu povo na liturgia celebram, portanto as tradições do Êxodo e do Sinai e é no culto que Israel adquire uma consciência maior e mais clara da Aliança.

Então, é nas festas de Israel que se situa a origem dos Salmos de louvor. Encontramos Elcana indo anualmente oferecer sacrifícios e adorar a Deus em Silo (1Sm 1.3). Amós, o profeta menciona o som dos hinos e ainda das harpas (Am 5.23). O canto de louvor era constante nas festas de Israel.  O povo participava do culto celebrando com palmas, gritos e exclamações de alegria (Sl47.2; 1Rs 1.39; 2Cr 23.11-13; 29,30).  Também participavam com gestos, levantando as mãos, prostrando-se ajoelhando-se, (Sl 28.2; 95.6; 2Cr 6.12; Ed 3.11).[28]

O Hino de Louvor, portanto tem o seu ambiente vital o culto israelense, as festas, o louvor em resposta às ações salvíficas de Javé.

Síntese do Significado


Nas Escrituras encontramos um Deus sempre junto ao homem. Desde a libertação do cativeiro do Egito vemos um Deus preocupado em conceder salvação ao seu povo.

Javé, no Salmo 113 apresenta-se como Salvador. O Deus que salva e liberta o seu povo. Javé das alturas se inclina para ver a terra, o homem que habita nela. E quando se inclina, vê o homem oprimido, pobre, no monturo e no pó. Javé arranca esse homem da opressão, da pobreza, das injustiças, salvando-o, libertando-o bem como a sua descendência e coloca-o firme assentado junto com os nobres do seu povo. Portanto esse é o tema central do Salmo 113, salvação. E o tema da salvação é reservado a Javé. É Deus quem salva o homem, é Javé o Salvador.
Re-leitura Teológica
O Deus Salvador
No Antigo Testamento Salvador é aquele que salva ou liberta, aquele que efetua um livramento, que efetua a salvação. É atributo de Deus (Is 43.11; 45.21), iniciativa de Javé, é Ele quem opera livramento. Somente Deus é o Salvador por excelência. Salvador é  atributo de Deus tal como Sua condição de Criador e Soberano e único Deus. O caráter do Deus salvador, a sua compaixão, se manifesta já na expulsão do homem do paraíso, quando num ato salvífico Deus prepara-lhe roupas para que não se envergonhe. Após o dilúvio Deus prometeu à humanidade, poupar-lhe e conceder-lhe benefícios e em Abraão começa a história de Israel com promessa de bênção e salvação. Os atos salvíficos de Javé apontam para a salvação que incluirá a todos (Is52.10).
“O Deus de Israel é o mesmo que criou a humanidade, determinando desde então a sua sorte. A história humana inteira atinge o seu clímax na história sagrada de Israel, a qual por sua vez deve desdobrar-se como história de salvação da humanidade”.[29]
A salvação se liga aos aspectos políticos de Israel e é executada por Deus que agiu no passado, salvando Israel da escravidão do Egito. Age no presente, salvando seu povo, mediante a Aliança e as suas promessas. E agirá no futuro, pois que a salvação se perpetua na história, é universal. Há um cuidado exclusivo de Javé por Israel, pois o livramento de Israel da escravidão do Egito é o tema central da obra salvadora de Deus por todo o AT. Javé se revelou a esse povo, através de atos salvíficos, e, portanto, é o Deus salvador de Israel.
A reação imediata de Israel diante da ação salvadora de Deus, passada ou futura está nos hinos de louvor. Os hinos celebram a Deus pela sua ação realizada na criação e na história.
 A ação salvadora de Javé é eterna perpassa as Escrituras, perpassa a história. A salvação é compreendida como libertação, e Deus, Javé, como libertador, salvador, porque age nos seres humanos libertando-os. Os atos salvíficos de Deus se dá na revelação bíblica como libertação de toda escravidão, pela justiça às viúvas, aos órfãos, aos estrangeiros, libertação material e concreta para a felicidade e a bem-aventurança dos pobres. Deus cumpre a sua responsabilidade de Redentor, na Aliança com o homem, sendo um Deus Salvador.
Porquanto fosse possível a salvação vir através de agentes humanos, o livramento acontecia porque Deus dava poderes a esses agentes, por isso afirma-se: “Deus é a nossa salvação” (Sl 68.19s.) Para Moisés isso fica claro quando ouve de Javé:
“Vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi o clamor que lhe arrancam os seus opressores; sim, conheço as suas aflições. E desci para libertá-los das mãos dos egípcios e levá-los daquela terra para uma terra boa e espaçosa...(Ex 3.7s; 3.17)”.
Em princípio a definição Salvação se aplica a qualquer tipo de libertação, para indivíduos ou comunidade. Pode provir do ameaçado que socorre a si mesmo, de homens que como instrumentos de Deus são usados para a operação da salvação. Por certo são os pobres, os fracos, os oprimidos, os doentes, a estéril (Sl 113) que têm motivos especiais para esperar de Deus a sua salvação. Portanto é evidente que é o próprio Deus mesmo que “opera a salvação”, Ele é a salvação (Ex 15.2; 14.13). É na experiência histórica que Israel tem do seu Deus, Javé, feita com fé, que reside o conceito fundamental de salvação. No Êxodo, quando são libertos do Egito no mar Vermelho, gravou-se na consciência de Israel a salvação de Javé.
“Cantai a Iahweh porque estupendamente triunfou; precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro (Ex 15.21)”.
Ao tirar seu povo do Egito Deus tem um objetivo eterno de prender o povo a Si livrando-o de se envolver com os deuses cananeus; e assim o povo eleito experimenta a Javé como Deus Salvador, aquele que salva e liberta Israel. E é em ser salvador que está a base para o homem adorar a Deus, pois só um deus que pode salvar é digno de louvor e adoração. 
 “Israel viu na saída do Egito a garantia do futuro, qualquer que fosse ele, garantia inviolável essa da vontade salvadora de Javé e um penhor para a fé nos períodos de tribulação (Sl 74.2)”. [30]
O cântico do mar fala do povo eleito, porém o ponto alto do cântico está em que Javé salvou-o do Egito, libertou-o, é o seu redentor. A expressão : Javé tirou para fora do Egito o seu povo tornou-se na história de Israel uma confissão de fé.
Em Juízes Deus se serve de alguns indivíduos, usando-os como instrumentos e mediadores, e realiza a sua salvação (Jz 2.16). Quando Israel saía à guerra era oprimido pelas nações às vezes iam à derrota, ou às vezes à vitória. Buscavam ajuda em Javé, o Salvador, e vencendo ou sendo derrotados pelos opressores o resultado da guerra pertencia a Deus (1Sm 17,47).
A salvação partia de Deus e era a glória do rei que firmava a sua autoridade sobre o povo (Sl 21.5). Esse Deus apesar da fraqueza do homem, todas as suas limitações, pode elevá-lo e a todo um reino a uma missão de salvação. Depois de Davi, no tempo dos reis, esta consciência de uma ação salvífica de Deus através de um mediador é sentida aos poucos e em especial através da revelação da riqueza de Javé: sua realeza que possui um representante na terra e a idéia da salvação divina na figura de um reino que inclui até mesmo os povos estrangeiros.
É preciso haver um preparo para receber a salvação de Deus, buscar a Deus em oração, humilhar-se diante dEle com coração contrito, abandonar o pecado (Jz 3.9; Sl 69.1; Jó 22.29; Is 59.1). Jeremias coloca salvar e curar para a salvação que traz bem-estar espiritual e também físico (Jr 17.14).
Mesmo os que são julgados o são por Deus o Salvador (Is 45.21; Sl 76.8). Portanto a salvação realizada por Javé juiz e salvador revela o seu senhorio sobre o mundo inteiro, seu reino é universal e a sua capacidade em dar a salvação é a base que o homem tem para adorá-lo. Deus deseja que, com fé, seu povo passe por circunstâncias difíceis, buscando justiça expressando Seu amor, enquanto Ele mesmo aguarda o momento para operar a salvação 9Is 56.1; Os 10.12).
Javé é Deus salvador antes e acima de todos os deuses e para assegurar isso Deus revela seus atos salvíficos mesmo antes de realizá-los (Is 43.12)pois, não são meros acidentes históricos. Os atos salvíficos de Javé são interpretados, anunciados, determinam o relacionamento com Deus, pois que a fé é inspirada com o testemunho desses atos de um Deus que se importa, ama esse povo e caminha com ele (Jr 1.8,19).
O louvor e a adoração através dos hinos de louvor é imediata diante dos atos salvíficos de Deus: Cântico do Mar (Ex 15.1-18). A descrição por Isaías a respeito da Salvação pelo Messias prometido foi seguida por um cântico (Is 42.10ss.; 49.13; 54.1s). Nos hinos de louvor (Sl 113) Javé é exaltado pelo seu poder no universo, sua glória é exaltada, o seu poder é proclamado. O louvor pela salvação é celebrado e isso se faz em muitos salmos, no culto litúrgico.
No Novo Testamento a salvação também é o tema central. Cristo é que, realiza a salvação e é Ele mesmo o salvador e a salvação, (o soter e a soteria); sendo ato salvífico de Javé.
O Deus encarnado, Jesus Cristo, é saudado ao nascer, por Simeão, como o Salvador. A mãe do Deus-menino, em seu cântico bendiz a Deus Salvador que lembrou dos pobres e “despediu vazios os ricos”.
O Salvador oferece a vida plena, a vida em abundância (Lc 8.12; Jo 10.10); Ele próprio conduz o homem à vida eterna, pois que é “o caminho” e esse leva ao Pai que efetua a salvação. O Salvador pode salvar a alma; Ele pode salvar do passado, salva no presente e salva no futuro. O Salvador regenera o espírito, santifica a alma e glorifica o corpo.[31] Ao homem exige-se um coração contrito, arrependido, disposto e humilde como criança e que renuncie a tudo por amor a Cristo, pois que, a salvação no homem, é realizada pelo arrependimento para com Deus e a fé em Jesus Cristo
O Salvador comunica a sua vida eterna e a sua natureza divina a todos quantos o recebem dando acesso à família de Deus e ao seu reino (Jo 1.12; 3.3-6). Porque o Cristo é o Verbo é a Palavra Viva que pode ser recebida ou rejeitada.
Portanto em Cristo, Deus Salvador realiza o seu propósito na aliança eterna com o homem: que este foi criado para o louvor de sua glória, para a salvação, para a regeneração e eleito para ser filho em Cristo, por um gesto de amor e ato salvífico de Deus (Jo 3.16). Deus mesmo numa ação soberana é o salvador do homem, mediante redenção que há em Cristo.
Não encontramos com freqüência o título de Salvador nas epístolas paulinas, porém nas epístolas tardias e nas pastorais, especialmente, Deus é chamado de Salvador bem como Jesus Cristo (soter), pois querem afirmar que somente há um Salvador.  No entanto Jesus recebeu o título de Salvador após a sua morte redentora porque tirou o povo da morte e do pecado, por isso Ele é o Salvador, Ele é o Redentor.
Deus Salvador recebe também o título de Libertador e esse é tema da América Latina. Muito forte é o ser Deus como libertador dos pobres, oprimidos que clamam por uma libertação dos seus opressores que os oprimem dia e noite através de leis injustas, as quais lesam o pobre e o proíbe de viver com liberdade. Então a libertação do povo, dos pobres é o que importa para a teologia cristã.
A humanidade está entregue a uma classe dominante, embora as ideologias dominantes têm negado o domínio das classes superiores, e então as lutas sociais vão emergindo cada vez mais. Em meio às lutas sociais, surgem aqueles que lutam para nascer e viver neste mundo que os rejeita e não permite que existam, que vivam, senão que apenas sobrevivam.
Esse povo pobre tenta falar, gritar, clamar, porém tem o seu grito abafado pelos dominadores do poder, por isso precisam de um salvador, alguém que os liberte com mão forte como no Êxodo do Egito.
“A América Latina mostra o rosto de uma humanidade dividida entre vencedores e vencidos”.[32]

Conclusão 

Ao concluir essa dissertação exegética do Salmo 113 faço minhas as palavras de Maria e canto um hino de louvor e gratidão ao Deus imanente que contemplou a miséria da sua serva e desceu para salvar.

A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva (...) porque o Poderoso me fez grandes cousas. Santo é o seu nome (Lc 1.46,49).

O Deus transcendente em seu amor, em sua graça, em sua misericórdia, se revela na humanidade de Jesus Cristo se esvazia de si mesmo, contudo, divino e então desce à humanidade e diz sim, participa do humano, se engaja, é o Deus imanente, e por isso pode arrancá-lo do monturo e levantá-lo e assentá-lo juntamente com Ele nas regiões celestes.

Portanto há duas idéias claras neste Salmo que, como um hino de louvor a Deus, canta a sua grandeza no espaço e no tempo. A primeira idéia apresenta a presença do Deus que transcende, em majestade e glória, a nossa imaginação humana. É Deus Criador de tudo, domina, reina. A segunda idéia apresenta o Deus imanente, condescende com o sofrimento humano e vem em busca de levantá-lo e assentá-lo com os nobres, proporcionando harmonia com todo o universo, revelando, desta forma, ser um Deus salvador.
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[8]BROWN, C, (editor geral), O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, volume III,  p. 278.
[9] IN. BROWN, Colin, p. 278, vol. III.
[10] SCHÖKEL, Lui Alonso. CARNITI, Cecília. Salmos II (Salmos 73 – 150),  Pp. 1390 – 1396.
[11] HANS - KRAUS, Joachim, Teologia De Los Salmos. p.23.
[12] HANS – kraus, Joachim. Teologia De Los Salmos. P.25.
[13] WESTERMANN, Claus, Dicionário Teológico Manual Del Antiguo Testamento. Tomo 1, p 694.
[14] WESTERMANN, Claus, Dicionário Teológico Manual Del Antiguo Testamento.  Tomo I, P.694.
[15] IDEM. WESTERMANN, Claus. P.697-698.
[16] BAUER, Johannes B., Dicionário de Teologia Bíblica. p.133, vol. 1.
[17] BAUER, Johannes B., Dicionário de Teologia Bíblica. p.134, v.1.
[18]  HARRIS, R. Laird, (org.) Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 285.
[19]  VAN DEN BORN, A. (org.), Dicionário Enciclopédico da Bíblia, p. 171.
[20] HANS -  KRAUS, Joachim, Teologia de los Salmos, p 60
[21] kraus. Pp 201-206.

[22]WESTERMANN, Claus. Teologia Do Antigo Testamento.  p.139
[23] WESTERMANN, Claus. Teologia Do Antigo Testamento. Pp.31-34.
[24] P. 1453.
[25] idem. P.1458.
[26] von RAD, Gerhard. Teologia Do Antigo Testamento . Pp. 26-30.
[27] WEISER, Artur.  Salmos. P.35.
[28] HARRIGTON, Wilfrid J.. Chave Para a Bíblia. P.355-356.
[29] HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do AT. p.680.
[30] von Rad, Gerhard, Teologia do Antigo Testamento. p.183, vol.I.
[31] BANCROFT, Emery H., D.D.. Teologia Elementar, p. 227.
[32] COMBLIN, José. Antropologia Cristã. p. 193.

Nota Importante: Este trabalho de exegese foi apresentado pela aluna Marilda F Ghiraldi no ano de 1999, no Seminário Teológico Antonio de Godoy Sobrinho, como requisito parcial à obtenção o título de Bacharel. Orientador: professor Revº José Roberto Cristofani. Sou grato a Deus por este exelente trabalho e pela vida da minha irmã. Deus te abençoe.

SOLI DEO GLORIA
REV. RUBEN DARIO DAZA B.


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Para lêr em português sobre outros temas:





5.- A teologia de Libertação e o Protestantismo Brasileiro. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/06/teologia-da-libertacao-e-o.html


7.- A Vitória Definitiva do Crente Sobre a Morte: A Vida. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/07/vitoria-definitiva-do-crente-sobre.html


9.- Teologia e a Libertação na teologia latino-americana e suas contribuições na América Latina. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/08/teologia-e-libertacao-na-teologia.html


11.- A Volta de Cristo: Uma Reflexão Cristã abordando J. Moltmann. link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/09/o-que-penso-sobre-volta-de-cristo.html


13.- ISAÍAS : 26, 1- 6: Um Estudo Exegético. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/09/i-texto-1.html




17.- A CURA COMO AÇÃO SALVÍFICA DE DEUS : Teologia Bíblica do AT. e NT. O tema da Cura consta de tres escritos inéditos sobre a minha monografia no Seminário de 4º ano. Acesse o seguinte link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/10/cura-como-acao-salvifica-de-deus.html

18.- O Estudo do ponto de vista teológico sobre a cura como ação salvífica de Deus. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/10/teologia-sistematica-cura-fisica-como.html

19.- A leitura da Bíblia diante dos desafios da realidade atual. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com/2011/09/julio-paulo-tavares-zabatiero-diretor.html

20.-Dissertação Exegética de 1 Coríntios Cap. 13. Acesse o seguinte link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.com.br/2011/11/dissertacao-exegetica-de-i-corintios.html

21.- Exegese do Antigo Testamento Salmos 113. Link: http://teologiaycienciarubedaza.blogspot.mx/2012/08/exegesedo-antigo-testamento-salmo-113.html

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