DISSERTAÇÃO EXEGÉTICA DE I CORÍNTIOS 12,31b – 13,13
Trabalho apresentado ao curso de Bacharel em Teologia, do Seminário Teológico “Rev.º Antonio de Godoy Sobrinho”, à disciplina Exegese do Novo Testamento IV, ministrado pelo professor: Rev.º Lysias Oliveira dos Santos. |
Londrina / 2001
INTRODUÇÃO
Este trabalho exegético tem como objetivo procurar entender a mensagem bíblica dentro da maior fidelidade ao contexto histórico original. A interpretação bíblica é de fundamental importância não só para o contexto acadêmico, mas também para o bom desenvolvimento em forma integral de todas as atividades da Igreja. Sob esta ótica é que se propõe esta dissertação exegética em ICoríntios 12:31b - 13:13.
As Igrejas Cristãs estão perdendo sua própria identidade nestes tempos de crise, quando a confissão e a prática de fé parecem fugir do padrão estabelecido pela historicidade da mensagem bíblica, relatado nas Sagradas Escrituras. A falta de valorização destas duas dimensões conduz inevitavelmente a uma distorção da missão da igreja. Por isso, ela deve optar por um sério confronto ou uma perspectiva que permita a busca do verdadeiro significado da mensagem do evangelho e do sentido dos problemas que surgem na vida de cada dia como entidade eclesial. Não há outro caminho de correção senão o da catequese ou discipulado.
O texto em estudo de I Coríntios 12:31b - 13:13 nos aproxima deste caminho de correção através do ensino. Como em toda mensagem contida no evangelho segundo Paulo, aqui, o paradigma ético da vida cristã (13:1-13), cujo caminho ultrapassa a todos os dons e ao qual todos os membros da comunidade devem aspirar, é o amor. “Deus é amor” (1Jo 4:8), Jesus é o enviado do amor (Jo 3:16), e o centro do Evangelho é o mandamento do amor (Mc 12:28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus (Rm 13:8-10). O amor está portanto ligado na base de toda ação moral. O amor é, finalmente, altruísta e não egoísta; ele faculta aos membros da Igreja trabalhar juntos para o bem de todos.
O método utilizado por este labor exegético é o crítico literário, cujo desenvolvimento contém as partes estudadas que vão desde o texto original até à releitura teológica, para se extrair a síntese, e a atualização ou aplicação do texto à realidade da comunidade eclesial.
I - TEXTO
2. Tradução : I Coríntios 12:31b - 13:13
12:31b E além disso, vos mostro um caminho que excede toda e qualquer comparação.
13:1 Se eu falo em línguas dos homens e dos anjos, mas não tenho o amor, torno-me [como] bronze ruidoso [ou] címbalo retumbante.
v.2 E se eu tenho profecia e sei todos os mistérios e todo o conhecimento [ciência] , e se eu tenho toda a fé, a que remove montanhas, mas não tenho amor, nada sou.
v.3 E se eu distribuo todas as minhas propriedades [em quinhões] , e se eu entregue o meu corpo, para ser queimado , mas não tenho amor, de nada me aproveita.
v.4 O amor é paciente, o amor é misericordioso, não é ciumento; o amor não é presunçoso, não se incha de orgulho.
v.5 Não se comporta de maneira vergonhosa, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não leva em conta o mal,
v.6 não se alegra na injustiça, mas regozija-se na verdade.
v.7 Ele tudo cobre [suporta em silêncio todas as coisas] , tudo crê, tudo espera, tudo agüenta pacientemente.
v.8 O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão abolidas; quer haja línguas, elas cessarão [automaticamente] ; havendo conhecimento [ciência], será abolido.
v.9 Porque em parte conhecemos e em parte profetizamos;
v.10 Mas, quando vier o que é perfeito, o que é em parte será abolido.
v.11 Quando eu era criança, costumava falar como criança, pensava como criança, raciocinava como criança; quando me tornei homem, abandonei as [coisas próprias] de criança.
v.12. Pois, agora vemos por meio dum espelho em enigma, mas então, [será] face a face; mas agora conheço em parte, mas então conhecerei exatamente, assim como também sou conhecido exatamente.
v. 13 Agora, porém, permanecem a fé, a esperança [e], o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.
II- DELIMITAÇÃO
A delimitação desta perícope I Coríntios 12:31b – 13:13, pode ser feita à base dos seguintes critérios internos: A. Conteúdo, B. Cesuras e C. Inclusio.
A.- Conteúdo
I Coríntios 12,31b-13,13 é um texto diferente e especial com relação ao cap. 12:12-31a, e à perícope mais próxima: 14: 1-25 . Manifesta uma unidade autônoma porque seu conteúdo possui uma mensagem própria e característica, distinta da mensagem dos textos anteriores e posteriores. Desenvolve um assunto diferente. A perícope em estudo é bem construída, coesa gramatical e lexicalmente, é coerente por ser organizada e ter continuidade de sentido. Com respeito a seu conteúdo, em toda esta perícope, trata-se do amor fraterno. Este hino ao amor corresponde à segunda parte da parábola do corpo, que fala da solidariedade dos fieis na unidade (Cf. 12:12-31a). O amor a Deus não é visado diretamente, mas sempre está presente de modo implícito, máxime no v. 13, em conexão com a fé e a esperança. Para Paulo, o amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a discernir as situações e a criar gestos oportunos, capazes de responder adequadamente aos problemas. Os outros dons dependem do amor, não podem substituí-lo, e sem ele nada significam. O amor é a força de Deus. É a fortaleza inexpugnável que sustenta o testemunho cristão, pois “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. O amor é eterno e transcende tempo e espaço, porque é a vida do próprio Deus, da qual o cristão já participa. É maior do que a fé e a esperança, que nele estão contidas.
B. Cesura
Cesuras são espaços em branco existentes no texto das edições científicos do Novo Testamento Grego (Nestle-Aland), e que assinalam o fim de um bloco ou período lógico. O texto é demarcado por pequenos espaços em branco para indicar o início de uma nova unidade ou sub-unidade. Na perícope em apreço há duas cesuras que delimitam o texto 12:31b e 13:13.
C. Inclusio
Os versículos 13:1 – 13 se constituem num recorte que tem seu início e seu fim determinados por uma inclusio, isto é, por um artifício literário, também conhecido por “envelope”, que enquadra um texto entre duas expressões, palavras ou frases iguais. No caso há uma expressão [ agape ] que assinala o início da perícope, no v. 1a, e o fim da perícope, no v. 13.
Portanto, sem nenhuma dificuldade pode-se delimitar, à base dos critérios internos acima alistados, a perícope dos vv. 12,31b – 13,13 como uma sub-unidade que está entre dois textos do cap. 12:12 - 31a, ao cap. 14: 1-25, dos quais se distingue pelas notáveis aliterações e as repetições da palavra -- [ hé agape = 9 vezes a palavra amor ] , [nepios = 5 vezes a palavra criança, v.11] , percebe-se o uso da sutil diferença entre o « eu » e o « amor » na correspondência da formulação agape de me éxo = 3 vezes “mas não tenho amor ” nos vv. 1-3; o verbo “cessar, abolir” "katargein" que se repete quatro vezes! nos versículos 8-11; o termo "panta" repetida 6 vezes em toda a perícope, mas que no v. 7 se encontra 4 vezes; repetição esta que expressa sua força e que abarca “tudo” o que se fecha na caminhada do pensamento do amor.
III - ANÁLISE LITERÁRIA
1. Análise Morfo-Estrutural
1.1 - Gênero literário
De forma clara, queremos agora, destacar as características dos gêneros encontrados na perícope de 1 Coríntios 12:31b - 13:13.
No mundo urbano greco-romano a retórica era um elemento fundamental da vida política e religiosa, “ela tratava de toda uma série de tópicos concernentes à persuasão efetiva” muito usado nas cartas Paulinas (BAILEY & BROEK, 1992, Pp. 31). A retórica ia além da lógica, pois não se ocupava apenas da argumentação correta, mas, principalmente, da argumentação eficaz, o que incluía os aspectos emocionais artísticos da argumentação com vistas à persuasão do ouvinte/leitor.
Três tipos de discurso eram comumente empregados na retórica: o discurso simbulêutico (ou deliberativo, que pretendem mover o ouvinte a agir ou a omitir uma ação), o dicânico (ou judicial, cuja finalidade é levar o leitor, por argumentação ou sugestão, a uma decisão numa causa disputada) e o epidíctico ( ou demonstrativo, que tencionam impressionar o leitor, para fazê-lo sentir admiração ou repulsa; sua sensibilidade para valores é abordada na esfera pré-moral ), distinguidos conforme o espaço social de sua utilização: o deliberativo nas “assembléias”, o judicial nas “cortes” e o epidícticos nas homenagens e ou execrações públicas. Embora de maneiras diferentes, nos três casos se pretende uma mudança no ouvinte. (BAILEY & BROEK, 1992, Pp. 32).
Nesse mesmo sentido, dentro dos gêneros encontrados em ICoríntios 12,31b–13,13 é classificado como um “Discurso Epidíctico”. E como enfatiza BERGER, Klaus (1998, pp. 96), os textos aqui chamados epidícticos trata-se de excluir alguma coisa, no quadro de uma estrutura de “não isso, mas aquilo” (Cf. vv. 4 –7 ); isto é, explica-se, com argumentos, por que uma coisa, em comparação com outra, tem direitos mais sublimes e maior valor. Há aí um aspecto de legitimação e apologética, pois se insinua uma decisão. De outro lado isso nos levou fazer nossa opção, a comparação de duas realidades e a apresentação do valor supremo é um empreendimento fundamental da epidíctica. Nesse caso, a palavra hé agape é descrito com uma série de características de forma abstrata predominando o estilo nominal, quer dizer, a enumeração dos atributos do amor (Cf. 1Coríntios 13,4-7. 8-10.13).
Sendo assim, BERGER, K. também diz que ICoríntios 12,31b–13,13 tem muitos traços de parentesco entre os discursos simbulêuticos e seus sub-gêneros literários tais como : “discurso normativo”, “discurso de contraste (priâmelo) ” e os de “Admonição protréptica ” . Mas alguns pormenores fazem logo pensar no discurso epidíctico, em primeiro lugar pela predominância do estilo enumerativo dos atributos do amor e também à maneira de descrever e comparar duas realidades, ex.: criança-homem, verdade-injustiça, perfeição-limitação.
Como um discurso, os gêneros epidícticos com seus elementos formais, enquadra-se de uma forma bastante simples: começam com o que é chamado de proêmio (ou exórdio = o começo de um discurso ) (v. 12:31b), isto é, uma introdução que reconhece a audiência e a situação em questão. A seguir, o corpo do discurso ou argumento que fornece o material necessário ao pano-de-fundo para a proposição (vv. 13:1-12) . Um epílogo, que é a conclusão (v. 13:13), nesta fase freqüentemente se encoraja a audiência a concordar com a posição expressa na argumentação.
Assim, pode-se visualizar a estrutura proposta acima:
Discurso normativo 13:1-13
Proêmio (Introdução) 12:31b
Corpo do argumento
Seção 1 Epidíctico- O “eu” retórico em argumentações 13:1-3
Seção 2 Epidíctico- Descrições e comparações (sýnkrisis) 13:4-8a
Seção 3 Epidíctico- Descrições e comparações (sýnkrisis) 13:8b-12
Epílogo Simbulêutico- Catálogo de virtudes e de vícios 13:13
1.2 – Estrutura Literária
A estruturação de I Coríntios 12:31b - 13:13, pode ser feita da seguinte maneira, a partir das indicações analisadas na delimitação e no gênero literário. Ele está dividido em três estrofes temáticas principais (vv. 13:1-3; 13:4-8a; 13:8b-12), enfeixadas por uma introdução (12:31b) e uma conclusão (v. 13:13).
O v. 12:31b. – serve como introdução e ligação entre o cap. 13:1-13, e a perícope anterior do cap. 12:12-31a - que fala sobre a imagem do corpo de Cristo, como uma unidade, diversidade e solidariedade que caracterizam a comunidade cristã. Não obstante, Paulo não está mencionando aqui o amor sendo outro Dom espiritual; mas afirmando na verdade, “Ao exercerem esses dons, verifiquem se estão continuando no caminho do amor” . O “caminho sobremodo excelente” de Paulo é o amor agape , sendo este mais importante do que qualquer experiência carismática, porque o amor é o poder controlador de todas as ações. (CALVINO, J. Exposição de 1 Coríntios. 1996, pp. 393).
Temos, nos vv. 1-3 do cap. 13, a primeira estrofe do hino: se não tenho o amor, o resto para nada serve. Os vv. 1-3 incluem uma alusão a todas as quatro classes de dons espirituais (Cf. I Cor 12:28). Primeiramente aparecem os dons extáticos (v.1), que são as línguas, em seguida aparecem o ensino, na menção da profecia, da sabedoria e do conhecimento (o entendimento dos mistérios e de todo o conhecimento). A seguir a operação de milagres (na menção da fé; v. 2). Finalmente, os dons de natureza administrativa, como a dedicação aos pobres e a entrega da própria vida em favor do bem alheio no v.3.
A segunda estrofe, 13:4-8a: recebe dezesseis afirmações sobre o amor. Todas essas descrições são expressas no original grego por meio de verbos, e não por meio de adjetivos, talvez como indicação de que o amor é uma força dinâmica, e não estática. Duas afirmativas acerca do que é o amor são seguidas por oito negativas; então, mais uma afirmativa é seguida por quatro afirmativas que salientam a idéia de “tudo”, a fim de enfatizar essas atividades próprias do amor; finalmente aparece a última afirmativa, no sentido de que o amor não pode falhar. Por conseguinte, se pintarmos um quadro daquilo que os coríntios procuram, essas dezesseis proposições, oito positivas e oito negativas, formam por contraste, díptico polêmico. O amor não se preocupa com resultados. Ele é a própria presença de Cristo nas relações com os outros: 13:5-6.
A terceira estrofe, 13: 8b-12: então conhecerei como sou conhecido. Somente o amor abre o futuro verdadeiro, porque não é atingido pela morte e pertence tanto ao presente como ao futuro da perfeição. Além disso, ele descreve a vida cristã, porque o amor é fruto, dom, espírito santo, força, dinamismo, plenitude. Ele é a via por excelência que inspira a vida cotidiana do crente. Com o intuito de realçar a preeminência do amor para todos os cristãos de Corinto, e de qualquer outro lugar, Paulo menciona os três dons que ocupam o alto da lista de prioridade deles: línguas, profecia e conhecimento. Cada um deles passará a ser irrelevante ou será absorvido na perfeição da eternidade (v. 10).
Na conclusão que está no v. 13:13 : diz sobre a preeminência do amor sobre a fé e a esperança. Paulo expõe aqui uma triáde favorita das virtudes cristãs . A esperança, tal como a fé, é sustentada pelo amor de Deus. Conforme temos podido observar, os dons espirituais, desacompanhados do amor, nada são; pois é através do amor que eles são conduzidos à sua expressão mais perfeita. Assim sendo, o amor é a energia da fé, agora e na eternidade, bem como a esperança, posto que assegura a conquista do grande alvo. Confiamos em um Deus amoroso, no sentido de que as coisas que ele nos confere, como a fé e a esperança são realidades.
Esquematicamente a estrutura literária de I Coríntios 12:31b - 13:1-13, pode ser vista assim:
Introdução |
12:31b E além disso, vos mostro um caminho que excede toda e qualquer comparação.
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1a. Estrofe
A Superioridade do Amor | 13:1 Se eu falo em línguas dos homens e dos anjos, mas não tenho o amor, torno-me [como] bronze ruidoso [ou] címbalo retumbante. v.2 E se eu tenho profecia e sei todos os mistérios e todo o conhecimento [ciência], e se eu tenho toda a fé, a que remove montanhas, mas não tenho amor, nada sou. v.3 E se eu distribuo todas as minhas propriedades [em quinhões], e se eu entregue o meu corpo, para ser queimado, mas não tenho amor, de nada me aproveita.
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2a. Estrofe
As obras do Amor
| v.4 O amor é paciente, o amor é misericordioso, não é ciumento; o amor não é presunçoso, não se incha de orgulho. v.5 Não se comporta de maneira vergonhosa, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não leva em conta o mal, v.6 não se alegra na injustiça, mas regozija-se na verdade. v.7 Ele tudo cobre [suporta em silêncio todas as coisas], tudo crê, tudo espera, tudo agüenta pacientemente. v.8a. O amor nunca falha.
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3a. Estrofe
A perenidade do Amor
| v. 8b. Mas, havendo profecias, serão abolidas; quer haja línguas, elas cessarão [automaticamente]; havendo conhecimento [ciência], será abolido. v.9 Porque em parte conhecemos e em parte profetizamos; v.10 Mas, quando vier o que é perfeito, o que é em parte será abolido. v.11 Quando eu era criança, costumava falar como criança, pensava como criança, raciocinava como criança; quando me tornei homem, abandonei as [coisas próprias] de criança. v.12. Pois, agora vemos por meio dum espelho em enigma, mas então, [será] face a face; mas agora conheço em parte, mas então conhecerei exatamente, assim como também sou conhecido exatamente. |
Conclusão A tríade das virtudes Principais do Cristão
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v. 13 Agora, porém, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor. |
1.3 - Análise Retórico-Estilística
A perícope de I Coríntios 12:31b - 13:13 nos mostra os seguintes recursos estilísticos:
1.3.1. Paralelismo
Trata-se de um recurso empregado nos textos de argumentação epidíctico, onde as linhas paralelas servem, entre outros, ao propósito de enfatizar, contrastar ou acrescentar idéias, conceitos de uma linha em relação à outra. Nesta perícope encontram-se quatro tipos de paralelismo:
a) Sinonímico: apresenta a mesma idéia repetida com outras palavras. Encontra-se no v. 13 - BERGER, (1998, Pp. 143), diz que a sinonímia neste verso, não significa total identidade entre as idéias que a expressam, porém, evidencia-se que à construção similar correspondem conteúdos similares; em 13,13, a fé é novamente o início, a esperança é sua figura concreta, o amor sua realização concreta.
b) Sintético: apresenta na segunda linha ou membro uma continuidade com a idéia da/o primeira/o, acrescentando-lhe novos aspectos, ou explicando-o melhor. Aparece nos versículos: v.1; v.2; v.3; v.9.
c) Antitético: é empregado quando duas linhas ou membros expressam idéias opostas. Encontram-se nos seguintes versículos: v. 6; v. 8; v.10; v.12
d) Climático: é a disposição de uma série de elementos, em progressão crescente, desenvolvendo gradualmente um pensamento em linhas sucessivas até chegar a um climax. Aparece nos vv. 4 - 5; v. 7; e v.11 (este versículo também encaixa na forma antitética pela oposição entre a criança e o homem, mas, na sua forma externa ele é gradativo até chegar ao clímax quando a criança se torna homem .
Os paralelismos alistados acima ajudam a compreender as idéias que se complementam, se contrastam e se expandem, como também, para mostrar que os significados transmitidos pelas construções paralelas são simétricos, cuja função, contribui, para reforçar e esclarecer o sentido do texto.
1.3.2. Figuras de linguagem
a) Hipérbole : I Coríntios 13:1-3 . Neste trecho, há muitas proposições hiperbólicas, e tem como alvo pôr a suprema importância do amor sobre todas as demais graças e dons espirituais.
b) Hipérbato : I Coríntios 13:1
c ) Prosopopéia : figura que dá vida, ação, movimento e voz a coisas inanimadas ou abstratas. Em I Coríntios 13:4 -7. Aqui à palavra amor se lhe atribuem ações humanas, o amor tem paciência…, é serviçal,… não se irrita.
d) Anáfora : Esta figura consiste na repetição de uma mesma palavra ao começo de frases sucessivas, acrescentando assim peso e ênfases às afirmações que nelas se fazem. O termo nepios = 5 vezes a palavra criança no v.11 ; percebe-se o uso da sutil diferença entre o « eu » e o « amor » na correspondência da formulação agape dé me exo = 3 vezes “ não tenho amor ” nos vv. 1-3. O verbo “cessar” Katargein que se repete quatro vezes! nos versículos 8-11; o termo panta repetida 6 vezes em toda a perícope, mas que no v. 7 se encontra 4 vezes; repetição esta que expressa sua força e que abarca “tudo” o que se fecha na caminhada do pensamento do amor.
e) Assíndeto : 1Coríntios 13:13. A enumeração das virtudes superiores segue aqui um curso rápido, até chegar a: « mas o amor é o maior ».
f) Polissíndeto da conjunção kai. em toda a perícope.
2. Uso de Fontes: 1 Coríntios 12:31b - 13:13
a) Citações do Antigo Testamento
Em 1 Coríntios 12:31b - 13:13, Paulo em sua fala usa trechos do Antigo Testamento. Quando cita no v. 1 … se me falta o amor, sou um metal que ressoa, um címbalo retumbante. O Apóstolo Paulo se recorda da palavra «címbalo » citado no Sl 150.5 que é o Hino com orquestra plena, lembrando que a tarefa principal de qualquer ser que respira é louvar o Deus libertador.
No v.3 …mesmo que entregue o meu corpo às chamas… , ele traz a lembrança dos companheiros de Daniel na fornalha de fogo ardente, (Cf. Dn 3,28), onde o poder de Deus, que protege seu povo fiel, todos os soberanos do mundo são, como o rei Nabucodonosor, convidados a reconhecer o único Deus vivo, que faz e mantém aliança com os homens.
No v. 7 … Ele tudo cobre [suporta em silêncio todas as coisas]… tudo agüenta pacientemente. Paulo está parafraseando Pr 10,12 que diz “…mas o amor cobre todas as ofensas” (Bíblia Pastoral).
No v. 12 diz: “Agora, vemos em espelho e de modo confuso; mas então será face a face”. Paulo traz a lembrança da passagem de Números 12,8a: “com ele eu falo face a face”. Onde Deus revela seu projeto aos profetas, que são homens capazes de ler nos acontecimentos a ação de Deus, e que dirigem o povo para a liberdade e a vida. Moisés foi o profeta por excelência que discerniu e manifestou, pela palavra e ação, esse projeto divino. Por isso, ele se tornou o modelo de toda atividade profética.
b) Citações do Novo Testamento
No v.2… mesmo que tenha a fé mais total, a que transporta montanhas… O apóstolo Paulo cita Mc 11,23 onde os ditos de Jesus faz referência da fé e da confiança em Deus que a nova comunidade, transformada e comprometida, traz frutos para os homens e a sociedade.
c) Fontes extra bíblicas
IV - ANÁLISE REDACIONAL
1. Contexto Literário
1.1 Contexto menor:
O contexto literário de 1 Coríntios 12,31b – 13,13 é composto, primeiramente, pelos contextos menores ou contexto imediato tanto anterior como posterior desta perícope.
Os eixos semânticos do passo anterior servirão de guias para este análise, a saber: Superioridade do amor sobre os carismas, as características do amor para com o próximo e por fim o amor jamais sucumbirá.
1 Coríntios 12:31b - 13:13 é antecedido por o cap. 12:1-31a, onde começa com a formula “…Quanto aos dons do Espírito”, (12,1) introduz a resposta a um novo quesito da carta dos coríntios. Infelizmente, não conhecemos o teor da pergunta. “Mas tudo indica que é sobre as experiências carismáticas, nas quais a comunidade era muito rica (1,4-6). Gozavam de um espaço privilegiado nas reuniões comunitárias, justamente no momento da palavra, que era estreitamente ligado com o momento ritual da Ceia do Senhor”. (BARBAGLIO, G.,1996, p. 317).
“Já o vocábulo pneumatiká (= dons do Espírito), que aparece no título de 12,1 e retorna em 14,1, é termo técnico do mundo helenista, para indicar fenômenos prodigiosos e extáticos. O Espírito era entendido como força divina envolvente, e como doador de forças extraordinárias e espetaculares, capazes de levar o homem a superar os próprios limites e a alcançar performances sobre-humanas. (BARBAGLIO, G., ibidem, p. 317).
Antes de tudo Paulo expõe noções gerais, indicando a origem divina dos carismas (12,4ss), sua finalidade, isto é, a utilidade da Igreja (12,7-11), e a variedade (12:12-30). Esta última é necessária à Igreja, Corpo místico de Cristo, tal como a variedade de cada membro é indispensável ao organismo humano (12:12-20). E cada membro, embora humilde, tem sua função específica, que se deve levar em conta e à qual se deve prestar a honra devida (12,21-26). Assim vós sois corpo do Cristo e membros, cada um, por sua parte: este, apóstolo, aquele, profeta, este outro, doutor. (12:27-30). (CIPRIANI, S. 1974, p. 270).
A respeito da perícope posterior 1 Coríntios 14:1-40, constitui um terceiro tipo de abordagem da mesma problemática dos coríntios. A atenção, agora, volta-se para as reuniões da Igreja, enquanto lugar da atividade dos carismáticos.
“O cap 14 concretiza e desenvolve o princípio da finalidade comunitária das experiências carismáticas. Também a ligação com o cap. 13, quase invisível no plano das analogias lingüísticas, não se pode dizer que inexista ou que seja irrelevante. É verdade que diferentes são os motivos temáticos que os caracterizam, isto é, o amor e a construção da comunidade. Mas, em 8,1 Paulo havia afirmado que o amor é que constrói a Igreja. Sublinhando a finalização das expressões carismáticas para o crescimento da comunidade, o Apóstolo Paulo insere o uso dos dons do Espírito na perspectiva geral do amor. É essa a força eficaz que faz a pessoa sair do círculo do próprio “eu”, da própria realização individualista, para a realização comum.” (BARBAGLIO, G.,1996, p. 341).
Com razão se pode afirmar, em geral, a existência de uma articulação binária do capítulo. A primeira parte (vv. 1-25) está centrada no confronto entre profecia e glossolalia, instituído sob a marca da repetida afirmação da superioridade daquela sobre esta. A concreta regulamentação das intervenções dos carismáticos nas reuniões comunitárias especifica a segunda parte (vv. 26-36). O capítulo termina salientando dois pontos: o primeiro é uma firme reivindicação, da parte de Paulo, da autoridade de sua intervenção (vv. 36-38); o segundo é um resumo de seu longo discurso (vv. 39-40). (BARBAGLIO, G.,ibidem, p. 341).
1.2. Contexto maior ou contexto temático:
Investiga a função do texto dentro das unidades temáticas maiores nas quais o Apóstolo Paulo inseriu a perícope 1 Coríntios 12:31b - 13:13.
A perícope em tela está inserida num grande bloco, que corresponde à terceira parte da carta cap. 11:2 - 14:40, referente às instruções relativas às assembléias litúrgicas da comunidade e à respectiva importância dos dons espirituais. Neste sentido BARBAGLIO (1987, p. 301), diz que este bloco corresponde a uma grande unidade literária, construída em torno do tema das reuniões comunitárias, articuladas segundo os dois pólos da ceia eucarística e do serviço da palavra. Em seu interior distingue-se o problema das mulheres que participavam com a cabeça descoberta (11:2-16), o fenômeno degenerativo de uma acentuada privatização do sacramento da eucaristia (11:17-34), e a complexa questão das experiências carismáticas (caps. 12-14)
Dentro desse grande bloco (11:2-14:40), acrescente-se uma sub-unidade nos caps. 12-14, aqui Paulo trata da questão final levantada na carta aos coríntios, sobre os «carismas» ou dons espirituais outorgados a membros da comunidade. Seu número, e o caráter um pouco perturbador de alguns deles, tendia a causar confusão. Paulo interveio e aclarou a situação: todos esses dons vêm do mesmo Espírito; são concedidos em vista do bem da comunidade; sua relativa importância dos serviços que prestavam; a caridade paira muito acima do dom de falar línguas (glossolalia), um dom de que os coríntios se orgulhavam desordenadamente; com efeito, a caridade supera todos os carismas ( 1 Cor 12:31b - 13:13). A longa resposta contém importante declaração sobre o Corpo de Cristo (1Cor 12:12-30) e o famoso hino ao amor (agape ), caridade fraterna, um amor que se sacrifica, que procura o bem dos outros. Sua fonte é Deus, que nos amou primeiro e deu o seu Filho para reconstruir consigo os pecadores. O amor dos cristãos deve modelar-se neste amor de Deus e do seu Filho Jesus Cristo.
2. O contexto integral: 1 carta aos Coríntios
2.1. Autoria
A autenticidade de 1 Coríntios não é discutida: a epístola já é claramente conhecida em I Clem 37,5; 47,1-3; 49,5; Inácio, Ef 16,1; 18,1 . Cuja autoria é tradicionalmente atribuída ao Apóstolo Paulo.
2.2. Local e Data de redação:
Como lugar de redação cita-se, em 16:8, Éfeso; Paulo quer permanecer lá ainda até o Pentecostes e já enviou antecipadamente Timóteo, ao que parece por terra, para Corinto (4:17). A fim de que lá seja cordialmente recebido, Paulo expressa uma recomendação especial para ele na carta enviada diretamente à comunidade (16:10 s.). Visto que 1 Cor. foi escrita na primavera, próximo ao fim da permanência em Éfeso (16:8) e Paulo se encontrava lá na época entre 53 e 55 d.C. a redação de 1Cor deve ser fixada para a primavera do ano 55.
2.3. Destinatários
CULLMANN, O. (1996, pp.58), diz que:
“A igreja de Corinto era composta, sobretudo, de cristãos provenientes do paganismo e procedentes de meios sociais modestos. Foi fundada por Paulo. Encontramos o relato desta Fundação em Atos 18,1-18; que se sucedeu na época do procônsul Gálio. Paulo anuncia o Evangelho na sinagoga, e os judeus lhe fazem oposição. Ele se volta, então, para os gentios, mas a oposição judaica torna-se violenta no dia em que Crispo, o chefe da sinagoga, se converteu ao cristianismo com toda sua família. Quanto ao procônsul Gálio, ele recusa imiscuir-se nesta querela judaica”. Após um ano e meio, de fins de 49/início de 50 até meados do ano 51, Paulo deixa Corinto.
CULLMAN (1996, pp. 58), continua dizendo que: segundo os Atos, a igreja de Corinto é composta de uma maioria de gentílico-cristãos e de uma minoria de judaico-cristãos; de fato, lemos em 1 Cor. 12.2: «quando éreis gentios…» e em 7.18: «Foi alguém chamado estando circunciso? Não desfaça a circuncisão». A igreja compreende numerosos escravos (cf. 7.21: «Foste chamado sendo escravo? Não te preocupes com isso»), mas poucos intelectuais e ricos: «Irmãos, reparei na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento» (Cf. 1.26).
Neste sentido, LOHSE. E. (1985, Pp. 59), informa que Corinto havia sido destruída pelos romanos em 146 a.C., mas depois fora reconstruída por ordem de César e desde 29 a.C. era a capital da província senatorial Acaia, e sede do procônsul. Situada favoravelmente como lugar de comércio, a cidade rapidamente recobrara importância. Navegação e comercio traziam muitos estrangeiros a Corinto, com eles alastraram-se na cidade portuária o desejo de diversão e conduta desregrada.
Com relação às características dos destinatários, THEISSEN, G. (1987, Pp. 145 s.), argúi o seguinte:
A 1ª Carta aos Coríntios é em si, um fato social, testemunho de uma comunicação entre Paulo e a comunidade. A partir disso, praticamente podemos deduzir algo sobre a posição, na comunidade, dos que participam dessa comunicação e também, indiretamente, podemos encontrar alguns indícios que apontam para sua posição na sociedade. Elucidativos são três fatos: os informantes de Paulo, seus destinatários e seus críticos. Interessante é que Paulo endereça sua resposta praticamente aos fortes. Todas as passagens, nas quais encontramos a 2ª pessoa, estão voltadas para eles: cf., p.ex., “Vede, porém, que este vosso pleno poder não venha de algum modo a ser tropeço para os fracos” (8.9; cf. 8.10,11; 10.15,31. ). Disso podemos deduzir, que os fracos não tinham cargos diretivos na comunidade. Todas estas observações indicam que os fortes, provavelmente, pertencem aos poucos “sábios, poderosos e nobres de nascimento” (Cf. 1.26). Seu comportamento despreconceituoso tem, primariamente, seu lugar social nas classes altas e devem ter sido pessoas formadoras de opinião. Mas eles não puderam ganhar todos para a sua linha de comportamento. Existiam os fracos, nos quais tanto tradições gentílicas quanto judaicas pareciam continuar a produzir efeitos. Mas estas só puderam tornar-se eficazes, porque apoiavam um comportamento especificamente classista.
Portanto, é preciso levar em conta a tomada de posição de Paulo em relação à briga entre os fortes e fracos. Tem provocado um certo choque para a exegese moderna o fato de que Paulo não levou conseqüentemente a efeito o ponto de vista despreconceituoso dos fortes, se bem que Paulo, em princípio, chega a concordar com eles do ponto de vista teológico, mas com os fracos Paulo concordou do ponto de vista pastoral.
V - ANÁLISE TEOLÓGICA
Análise Semântica
Nos passos exegéticos anteriores vimos como os textos podem ser examinados em seus aspectos literário, formal e redacional. O exame destes aspectos afeta parcialmente a compreensão do conteúdo dos textos, embora sob perspectivas específicas e isoladas. O que diferencia a análise da Semântica, dos passos anteriores é, uma vez, o seu caráter sintético e integrativo das partes e, por outro lado, seu interesse pelo significado exato de termos, expressões e conceitos no conteúdo literal dos versículos que sejam relevantes para o correto entendimento do texto.
Os critérios aqui usados visam identificar o eixo em torno do qual gravita o assunto, ou seja, a questão ou assunto central tematizado na perícope de 1 Coríntios 12:31b - 13:13.
1Coríntios 12:31b começa com a expressão «eu vou indicar-vos um caminho infinitamente superior », não define a natureza do ensinamento, mas a ação apostólica que Paulo pretende realizar: ele quer “indicar uma via, um caminho”.
No Novo Testamento, a palavra “caminho” tem várias conotações e em seu sentido ordinário, se passa facilmente para o figurado. Dado que o “caminho” é figura de conduta, do modo de proceder, “seguir” Jesus nos sinóticos, significa proceder como ele, ter modo de vida como o seu. Supõe caminho comum, marcado pela personagem principal. Seguir Jesus significa, portanto, assemelhar-se a ele pelo modo de vida e atividade como os dele; a meta do discípulo é a mesma de Jesus: a entrega/doação total por amor à humanidade, entrega/doação que o leva à plenitude humana. Nos Atos o cristianismo nascente é chamado “a via” (Cf. At 9:2; 18:25; 24:22 ). De fato, os cristãos estão conscientes de haverem encontrado o verdadeiro caminho, que até então não estava manifesto, daí que a religião cristã era conhecida como “o caminho” Cf. At 19: 9,23. (MATEOS & CAMACHO, 1991, Pp. 28 ss.)
Nesta mesma linha de pensamento, PESCE, M. (1992, Pp. 139), enfatiza, que:
« Na realidade, também em 12,31b Paulo pressupõe uma pluralidade de “vias” (hodoí) porque a expressão kato hiperbolen , (“melhor”) implica de todo modo uma comparação. Talvez ela evoque o ensinamento sobre o preceito do amor que resume qualquer outro preceito (Cf. Mt 22,40); talvez, melhor, a expressão queira instaurar uma comparação com outras vias, algumas das quais são preferidas pelos coríntios. O amor não elimina os demais valores da vida cristã, que também devem ser perseguidos. É somente a máxima entre todas as “vias” (hodoi). Paulo teme que os coríntios estejam perseguindo como valor máximo da vida cristã o das manifestações pneumáticas (e em particular a glossolalia), ou seja, que a “via” principal deles consista em buscar as manifestações pneumáticas. Paulo parece animado por uma preocupação apostólica que de um ponto de vista formal é idêntica: ele deseja que sejam recordadas aos coríntios as “suas” vias em Cristo (que são também as de “todas as Igrejas”) porque supõe que os coríntios seguem caminhos próprios afastando-se dos do apóstolo e dos demais cristãos. Contudo o centro da “preocupação” apostólica de Paulo para com as comunidades já evangelizadas consiste justamente na indicação destas “vias de Cristo” e em vigiar para que sejam seguidas ».
Portanto, pode-se estabelecer que nesta perícope, o termo “caminho” significa maneira de vida e de conduta, especificamente designa a maneira cristã de vida ou alguns dos seus aspectos éticos que nasce do evento salvífico em Cristo e que se torna concreta na proclamação do Apóstolo Paulo, que é responsável pela edificação da comunidade . O AMOR é o caminho excelente que Paulo indica aos coríntios. (Cf. At 9,2; 19,9.23; 22,4; Mt 22,16; Mc 12,14 )
Outro eixo semântico que pode ser traçado aponta a ocorrência repetida da expressão [agape = 9 vezes] e que traduz “o amor” (Cf. v1= 1 vez; v2= 1 vez; v3= 1 vez; v4= 3 vezes; v8= 1 vez; v13=2 vezes), sendo portanto a figura central neste cap. 13, e em toda esta epístola de 1 Coríntios é citada 14 vezes. O trecho fala diretamente da caridade para com o próximo; mas ela pressupõe o amor de Deus, como o motivo último pelo qual o cristão deve amar ao próximo. É uma virtude essencialmente teológica, e por isso vem colocada ao lado da fé e da esperança (v. 13) .
A palavra Amor é um dos conceitos mais importantes do Novo Testamento, que dá à expressão um conteúdo total de fé (cf. João 3,16). “O agir de Deus é amor, que espera como resposta o amor do homem (1 João 4,19). Incluso a ética está fundada no amor de Deus e cobra daí seu significado. O amor está por cima da fé e da esperança (1Cor 13,13), e portanto, o mesmo Deus é designado como Amor“.
Sabemos muito bem que a palavra grega para “amor” no Novo Testamento, agape , não costumava ser usada. E como enfatiza PRIOR (1994, pp. 242 s.), ela foi introduzida no grego neotestamentário especificamente porque o amor de Deus, visto em Jesus de Nazaré, exigia uma nova palavra. O amor de Deus transcende completamente todas as idéias ou expressões humanas de amor . É amor pelos totalmente indignos, amor que procede de um Deus que é amor. Amor prodigalizado a outros sem que se pense se eles são dignos de recebê-lo ou não. Provém antes da natureza daquele que ama, que de qualquer mérito do ser amado. Este é o amor que, segundo Jesus, tem de caracterizar e controlar a comunidade, para que esta seja, de alguma forma, reconhecida como cristã e para que Jesus seja reconhecido como o Filho de Deus e o Salvador do mundo.
Nesta mesma linha de pensamento, argumenta WENDLAND, H-D. (1974, pp. 72):
Partimos da circunstância de que Paulo adotou o mandamento do amor a partir de e junto com a tradição da comunidade (cf. Rm 12,13 ss. e com Mt 5, 39.44). Do mandamento do amor do Jesus histórico resultou, em poucas palavras, o mandamento do amor de Cristo e do seu apóstolo. Em decorrência disso Paulo pode colocar “pneuma” e “agápe” na mais íntima relação, como o fez em 1 Cor 8 e 10. Segundo 1 Cor 13 o amor é ainda muito mais do que a maior de todos os dons espirituais, pois sem ele todos os carismas são sem valor e infrutíferos. O amor é até maior do que fé e esperança (v. 13). O amor é “fruto do espírito” (Gl 5,22) ou amor gerado no Espírito. Pode ser chamado de “amor do Espírito” (Rm 15,30). Foi “derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5). Por isso é e cria nova vida, no sentido escatológico. É o amor divino, que une primeiramente Deus e o homem e depois se concretiza nas ações dos cristãos. Conseqüentemente, ele é divino e humano ao mesmo tempo descrito como o seu procedimento, como acontece em I Coríntios 13: 4-7. Poderíamos afirmar que Paulo copiou a natureza do amor da cruz de Cristo: É um amor que se sacrifica, se entrega, se põe a serviço. Aqui a ética e a teologia estão intimamente interligadas em Paulo.
Complementando todas estas idéias, GÜNTHER, W. (1985, Pp. 115), afirma o seguinte: “se, pois, o agir de Deus é definido como amor, então, o hino ao amor de 1 Cor 13, não é simplesmente um capítulo de ética, senão juntamente uma descrição do atuar divino. No lugar da palavra «amor», pode pôr-se o nome de Jesus Cristo. Com isto, Deus não se torna em maneira alguma no “bom Deus”, que tudo o tolera. Por conseguinte, avga,ph é conjuntamente amor de Deus e amor do homem. O amor está, como compêndio e síntese, sobre todas as forças e poderes. Profecia ( Profeteia ) e fé (pistis) , 1 Cor 13,2, elpis (v.7) e gnosis (v.8) lhe estão subordinadas, não no sentido de uma gradação, senão como forças parciais de uma potência poderosa que penetra e vivifica tudo. No contexto de 1 Cor, o amor é o maior dos dons do espírito. O agape é a força que unifica e edifica a comunidade. Sem amor é impossível a vida comum dentro da comunidade.
Superioridade do amor sobre os carismas: vv. 1-3
Nenhum carisma vale tanto quanto o amor, que constitui a essência da vida cristã. Sem ela não se pode ser aceito por Deus (v.1s). Língua dos anjos, em sentido hiperbólico, talvez exprima a língua mais nobre que se possa imaginar. Bronze retumbante indica que sem a caridade tudo é ruído, e não há composição musical. Junto com a glossolalia se lembram (cf. 12,9) a profecia, que abrange também o conhecimento dos mistérios, o discurso de ciência e a fé na onipotência divina capaz de operar os maiores milagres. Mas Paulo rejeita (v.3) até a hipótese da distribuição de toda a fortuna aos pobres, e do sacrifício extremo, enfrentado para salvar a vida de alguém. Se um único motivo de vanglória inspirasse o meu gesto, frisa, tudo isto não teria valor” . Portanto, a mensagem de Paulo, neste ponto, é que nenhuma atividade, por mais elevada e espiritual que seja, tem qualquer valor a menos que seja exaltada pelo amor cristão. Outrossim, através de tal exaltação pelo amor em atividade é que os «dons espirituais» são desenvolvidos. Sem essa energia fomentadora os próprios dons do Espírito nada serão. (Cf. I Cor 12:31) . O vínculo com o Espírito é a garantia única sobre o amor.
Características do amor: vv. 4-8a.
O amor é paciente, suporta as injustiças e injúrias, é benigno, disposto a fazer o bem a todos; não tem inveja do bem do próximo; não se ensoberbece nem se exalta pelo próprios méritos ou qualidades, não age atrevidamente, de sorte a indispor os outros; não procura as próprias coisas, é desinteressado; não se irrita, não se enfurece e perde a serenidade; não guarda rancor pelo mal que sofreu; alegra-se não com a injustiça mas com a verdade, isto é, com a justiça (pelo paralelismo), ainda que custe. “O amor tudo desculpa, com o manto da bondade, pronta a escusar tudo; tudo crê, confiando assim no próximo; tudo espera, ainda nas situações mais desesperadas; tudo suporta: decepções, fracassos, ingratidões”. (CIPRIANI, SETTIMIO. 1974. Pp. 323.)
O amor jamais sucumbirá: vv. 8b-12
Tudo o que foi criado passa, mesmo os mais altos carismas (profecia etc.) e as virtudes mais distintas (fé e esperança). No v.8 diz que o amor nunca falta, e que ele dura para sempre. Uma qualidade como esta, que jamais terá fim, é certamente digna de ser obtida com muito esforço. O amor, portanto, deve ser preferido antes de todos os dons temporários e perecíveis. As profecias passam, as línguas cessam; o conhecimento chega ao fim. (CALVINO, J. 1996, P.399). Neste sentido, o próprio BULTMANN diz que, o pano-de-fundo da teologia Paulina “é fiel à doutrina tradicional judia e do cristianismo primitivo, com respeito à ressurreição dos mortos e com ela à concepção da apocalíptica do juízo final e do drama cósmico que põe fim ao velho mundo e introduz o novo mundo da salvação, o teleion (v.10)” .
No v. 11 “Quando eu era criança…” Paulo aqui usa uma comparação, pois muitas coisas que são apropriadas à infância desaparecem mais tarde, quando chegam os anos da maturidade. Portanto, a perfeição, que será uma espécie de maturidade no desenvolvimento espiritual, porá fim à instrução e tudo quanto a acompanha. (CALVINO, J. 1996, Pp.403). No v. 13 aparece a palavra esperança : “nuni. de. me,nei pi,stij( evlpi,j( avga,ph” Se Paulo, diz BERGER, K. (1998. Pp. 143), agrupou a fé, a esperança e o amor exatamente nesta ordem, não foi por causa de sua relação com a Lei, nem por serem dons do Pneuma. A esperança indica a perspectiva do futuro e da recompensa; o aspecto da perseverança lhe é particularmente próprio. Também, tem outras conotações: trata-se da salvação (Cf. 1Ts 5,8), da vida (Barn 1,4.6), da justiça (Gl 5,5). A esperança, portanto (como a fé) é fundamentalmente diferente do amor. Ela é uma virtude “básica”. Porém, enquanto a fé é fundamental por ser inicial, a esperança o é por ser sua continuação no tempo. Diante disso tudo, 1 Cor 13 é uma tentativa totalmente surpreendente e inovadora, ao fazer do amor, visto como soma da vida real, simplesmente a virtude básica, sem dúvida não sem motivação vinda da comunidade de Corinto.
Concluindo, neste verso Cap. 13,13, porém, a fé é novamente o início, a esperança é sua figura concreta, o amor sua realização concreta. Neste sentido CALVINO, J. (1996, Pp.407). argumenta o seguinte: “…supondo que concordemos que o amor é maior, ele é mais eficaz para justificar os homens? Segundo essa maneira de pensar, um rei gladiará a terra melhor que um agricultor, fará um calçado melhor que um sapateiro, só porque é um homem de nascimento mais nobre do que ambos juntos… Se o poder para justificar dependesse da dignidade ou do mérito da fé, talvez devêssemos prestar mais atenção ao que dizem. Mas nós não ensinamos que a fé justifica em virtude de ser mais valiosa ou que ocupe um lugar de mais honra, mas porque ela recebe a justiça que é oferecida gratuitamente no evangelho”.
VI- SÍNTESE TEOLÓGICA
Paulo, neste capítulo 13, sublinha que o amor supera, é maior do que todos os carismas. De modo especial, nesses versículos acima ele mostra a excelência, a grandeza do amor, ou caridade: os carismas passam, o amor, não; os carismas pertencem ao tempo presente, o amor é para sempre; os carismas são concedidos para construir o Reino de Deus aqui na terra, o amor é realidade do tempo presente e do Reino futuro; o amor jamais acabará. O Reino presente é de transitoriedade, tudo é limitado e relativo; aqui nós vemos as realidades celestes como em espelho; somos como crianças: incapazes de compreendê-las. Paulo conclui dizendo aos coríntios que muito mais importante do que os carismas que eles tanto ambicionavam eram as virtudes da fé, da esperança e da caridade. E, dentre esses três maiores virtudes, tinha a primazia, a caridade, o amor. A fé e a esperança passarão quando alcançarmos nosso destino, que é Deus; o amor, porém, permanecerá, jamais acabará, pois Deus é Amor e nós viveremos no amor.
VII- ATUALIZAÇÃO DO TEXTO (HERMENÊUTICA)
A palavra “amor” abarca, em nossos idiomas, um grande número de conteúdos muito diferentes, que se estendem do corporal ao espiritual, do construtivo ao destrutivo, do sensível ao intelectual. Daí que o amor somente pode-se definir a partir da relação que em cada caso se estabelece (por ex.: o amor à arte, à ciência, o amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos).
Este trabalho exegético, tem-nos mostrado que, perante suas ricas expressões semânticas, os conceitos experimentam no evangelho de Paulo uma certa delimitação: avga,ph reproduz o amor que lança suas raízes na ação salvífica de Deus com os homens. Tudo na Bíblia está relacionado com o amor, direta ou indiretamente, positiva ou negativamente, como esta inclinação graciosa e carinhosa de Deus para os homens. Diante disso, surge a pergunta: Como pode agora o homem de responder adequadamente ao amor de Deus? Ao amor de Deus corresponde nosso amor ao próximo. Neste sentido, BOFF, L. (1999, Pp. 110), argumenta o seguinte:
“Quando um acolhe o outro e assim se realiza a co-existência, surge o amor como fenômeno biológico. Ele tende a expandir-se e a ganhar formas mais complexas. Uma destas formas é a humana. Ela é mais que simplesmente espontânea como nos demais seres vivos; é feita projeto da liberdade que acolhe conscientemente o outro e cria condições para que o amor se instaure como o mais alto valor da vida”.
Nessa direção surge o amor ampliado que é a socialização. O amor é o fundamento do fenômeno social e não uma conseqüência dele. Em outras palavras, é o amor que dá origem à sociedade, à comunidade eclesial; a comunidade da Igreja existe porque existe o amor e não ao contrário, como convencionalmente se acredita. Se falta o amor (o fundamento) destrói-se o social e a Igreja. (, BOFF, L. 1999, Pp. 111)
Portanto, o amor é um fenômeno cósmico e biológico. Ao chegar ao nível humano, ele se revela como a grande força de agregação, de simpatia, de solidariedade. Sem o cuidado essencial, o encaixe do amor não ocorre, não se conserva, não se expande nem permite a consorciação entre os seres e Deus, porque sem amor nós não somos seres sociais.
VIII - CONCLUSÃO
Poderíamos concluir que o amor governa o uso dos dons e toda a conduta cristã (13:1-13). Se o apóstolo Paulo não houvesse escrito outra coisa além deste grande hino ao amor, bastaria isso para classifica-lo como um dos maiores autores de todos os tempos. Acerca do amor precisamos distinguir entre algumas variedades do mesmo, a saber:
1. De Deus pelo homem
2. Dos homens por Deus. Isso só pode ser realizado pela ascensão mística da alma na direção de seu criador; de outra maneira Deus continuará sendo apenas um conceito abstrato.
3. Há também, o amor ao próximo. Esse é amor enfatizado no grande décimo terceiro capítulo desta primeira epístola aos Coríntios. A grandeza desse aspecto do amor é ilustrada pelo fato que, do primeiro e do segundo mandamentos, que são o amor de Deus e o amor ao próximo, dependem toda a lei e os profetas. No tocante ao amor, nada poderia ser mais significativo do que essa particularidade.
4. Finalmente, há o amor a Cristo. E, uma vez mais, tal como no caso do amor a Deus Pai, esse tipo de amor depende da ascensão mística da alma. Porém, ao amarmos ao próximo, na realidade estamos amando a Cristo;
Os homens geralmente encontram grande dificuldade para amar a Cristo e a Deus Pai, porquanto, para eles, a pessoa de Deus lhes parece um conceito teológico distante. Não obstante, todos os homens podem amar a seus semelhantes; e, ao assim fazê-lo, amam a Cristo e a Deus Pai.
Portanto, o amor é o grande princípio cristão de toda a ação, ultrapassando a todos os muitos sistemas éticos que se têm olvidado do amor, ou que têm menosprezado a sua importância. O amor cristão evidentemente brilha, porque o amor cristão exige que se ame até mesmo aos nossos inimigos.
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